Frente Parlamentar Evangélica faz ato contra infanticídio

11/02/2009 - 12h29

Ivan Richad
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Frente Parlamentar Evangélica na Câmaravai encaminhar um requerimento ao Ministério PúblicoFederal (MPF) para que o órgão investigue as causas damorte da criança indígena Tititu Suruwaha. A suspeita éde que a menina, que sofria de um problema hormonal congênito,tenha morrido devido à falta de medicamento que era repassadopela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).A presidente da organizaçãonão-governamental (ONG) Atini Voz pela Vida, que atua emaldeias indígenas, Márcia Suzuki, explicou que logo aonascer, a criança indígena foi vítima de umatradição de sua aldeia que costuma enterrar vivos osbebês que nascem com deficiência, o chamado infanticídio.Para não matar a filha, os pais de Tititu abandonaram a aldeiaem busca de tratamento.A criança nasceu pseudo-hermafrodita e comuma deficiência hormonal. Depois de a criança passar porcirurgia, os pais voltaram à aldeia, mas a menina precisariatomar uma medicação por toda a vida. A Funasa ficouresponsável por encaminhar a medicação àaldeia, que fica no sudeste do Amazonas.O presidente da frente parlamentar, deputado JoãoCampos (PSDB-GO), disse que é preciso identificar osresponsáveis. "Se houver identificação dealguém que colaborou para a morte, a responsabilidade teráque ser determinada e o órgão público, aautoridade pública precisará responder por isso".A Funasa informou está sendo elaborado um relatório de atendimento pela equipe que acompanhava a menina, masainda não há data de quando o documento estarápronto. A fundação informou ainda que Tititu tinha cuidados médicos desde que nasceu e que fazia exames periódicos emManaus (AM).Em um ato realizado hoje (11) na Câmara,parlamentares, representantes de ONGs que trabalham em aldeiasindígenas e da sociedade civil cobraram do poder públicomedidas para evitar que os rituais de infanticídio ocorram nasaldeias.De acordo com Márcia Suzuki, algumasetnias, como a Kuikuro, Kamayurá, Ikpeng, localizadas no AltoXingu, em Mato Grosso, praticam o infanticídio. Uma dasalternativas para evitar que as mães com bebêsdeficientes tenham que matar os filhos é promover a realizaçãode exames pré-natal."Com isso, poderíamos evitar que asmães passem por esse problema. Se fosse identificado problemacom o feto, se ele não puder ser curado ainda na gestação,a mão sairia da aldeia para ter seu filho", argumentouMárcia.Ela acrescentou que o infanticídio épraticado também em caso de nascimento de gêmeos.