Governo e base aliada apostam no tempo para compor comandos na Câmara e no Senado

02/11/2008 - 16h44

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Autoridades do governoe os partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula daSilva apostam no tempo para tentar manter a equivalência depoderes entre o PMDB e o PT nas presidências do Senado e daCâmara dos Deputados. Os peemedebistas já lançarama candidatura do deputado Michel Temer para a presidência daCâmara e agora se articulam também para continuar no comando do Senado.Em entrevista àAgência Brasil, o ministro de RelaçõesInstitucionais da Presidência da República, JoséMúcio Monteiro, disse que ogoverno está atento para não permitir qualquerfracionamento na sua base de apoio no Congresso Nacional. Acrescentouque há tempo até as eleições das MesasDiretoras, em fevereiro de 2009, para que se chegue a um acordo entreos aliados.Amanhã (3),às 10h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silvareúne-se com o Conselho Político e o ministro acreditaque esse é um dos assuntos que deverão ser tratados.“Num governo de coalizão tão grande como o dopresidente Lula não podemos permitir fracionamentos na nossabase aliada. No entanto, tem muito tempo pela frente e nãopodemos nos precipitar”, afirmou o ministro.NoPMDB, já se fala numa eventual candidatura do senador JoséSarney (AP), que presidiu a Casa por duas vezes. Já o PT tem noprimeiro vice-presidente, Tião Vianna (AC), o nome paraassumir o cargo no ano que vem. Para o ministro José MúcioMonteiro, no entanto, o momento agora “é de avaliações”.Esseé o mesmo raciocínio da líder do PT no Senado,Ideli Salvatti (SC). A senadora lamenta que a disputa pelaPresidência do Senado tenha começado “antes do tempodevido”. Acrescentou que agora cabe ao partido “trabalhar commuita calma” para tentar viabilizar o nome do senador TiãoVianna.Alíder petista considera que na semana passada houve avançossignificativos em favor do petista. Como exemplo, a senadora comentouas resistências que teriam na bancada do PSDB a entregar aspresidências da Câmara e do Senado aos peemedebistas.Elatambém questiona o argumento utilizado por parlamentares doPMDB de que, por ser o maior partido na Câmara e no Senado, a legenda temo direito de comandar as duas Casas. “Se somarmos as bancadas detodos os partidos se vê que o PMDB não chega a um quinto darepresentação no Congresso. Portanto, eu acho que ter apresidência nas duas Casas não seria adequado por causada concentração de poderes”, afirmou.Essa,no entanto, não é a opinião do líder doPMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). Ele não vê problemasem seu partido ter a presidência da Câmara e do Senado.“Se o PMDB tivesse a Presidência da República tudobem, haveria uma concentração de poderes, o que nãoé o caso”, acrescentou.Eleconsidera que se não houver qualquer objeção noDemocratas e no PSDB dificilmente os peemedebistas deixarão decontinuar na presidência do Senado. Quanto a entregar o cargoaos petistas, Raupp considera que Tião Vianna não seriaum mal presidente. Entretanto, ressalva que “o problema éque o senador está num partido pequeno”.ValdirRaupp, que foi sempre um crítico da antecipaçãodo processo eleitoral para as presidências da Câmara e doSenado, acredita no entendimento dos partidos da base e da oposiçãoem torno das candidaturas de Michel Temer para a Câmara e  de umnome ainda a ser definido na bancada peemedebista para o Senado.Jáo líder do PSB, Renato Casagrande (ES), destaca que assucessões no Congresso serão complexas, especialmente noque diz respeito ao Senado, e o governo terá que entrar nessasarticulações se quiser manter a harmonia em sua basepolítica. “O governo vai ter que entrar fundo nessaarticulação”, disse ele, acrescentando ser um defensordo equilíbrio de forças no Parlamento.