Sargento diz à CPI dos grampos que indicou outro sargento para trabalhar com Protógenes Queiroz

24/09/2008 - 21h19

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O sargento Idalberto Martins de Araújo, do serviço de inteligência daAeronáutica, revelou hoje (24), em depoimento àComissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas,que indicou também o sargento da reserva da Aeronáutica, que conhece apenas pelo nome Rodopiano, paratrabalhar com o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, na Operação Satiagraha. No inicio do depoimento, ele informou que haviaindicado o ex-agente do extinto Serviço Nacional de Inteligência (SNI)Francisco Ambrósio ao delegado Protógenes Queiroz, para trabalhar na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Segundo o sargento Idalberto,depois da indicação de Francisco Ambrósio, o delegado Protógenes pediua ele que indicasse outra pessoa para trabalhar na operação. “Aí euindiquei o sargento Rodopiano para trabalhar com ele no Rio de Janeiro”.De acordo com o sargento Idalberto, que informou àCPI que trabalha há 23 anos no serviço de inteligência da Aeronáutica,o sargento Rodopiano também sempre trabalhou na área de inteligência.“Nossa participação na operação foi apenas ajudar e atender a pedidosdo delegado Protógenes para indicar especialistas na área deinteligência”. Segundo ele, as indicações das duas pessoas foram feitassem que o delegado Protógenes informasse porque estava precisando deanalistas para trabalhar. “Ele nos disse que precisava de analistaaposentado e que quisesse trabalhar com ele”, disse o sargento no depoimento à CPI.O sargento Idalberto informou que já participou deoperação da Aeronáutica junto com a Polícia Federal, mas que nuncaatuou na área de escuta telefônica. Disse que sua área de atuação émais na análise de relatórios que são produzidos.Após o depoimento, o presidente da CPI, deputadoMarcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse que os depoimentos de hoje deFrancisco Ambrósio e do sargento Idalberto contribuíram parademonstrar que a Aeronáutica não participou de maneira formal daoperação Satiagraha. “Foi feita uma ação entre amigos, para obterpessoas para fazer trabalho de investigação policial”.Itagiba disse que a CPI quer saber dos setorescompetentes porque o delegado Protógenes Queiroz teve que recorrer a terceiraspessoas para fazer o seu trabalho. “Será que houve sonegação de meiosmateriais e pessoais para que ele pudesse exercer sua função einvestigar organização criminosa? Essa é uma resposta que a PolíciaFederal terá que nos dar”. Itagiba disse, ainda, que a CPI quersaber também de que forma são pagas essas pessoas para trabalhar naoperação.Embora afirmando que a CPI trabalha com asinformações que são apresentadas pelos depoentes, o deputado MarceloItagiba disse que não tem a menor dúvida de que "os organismos oficiaispossuem equipamentos de gravação e que existem pessoas treinadas ehabilitadas ao exercício do uso desses equipamentos”.