Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Durante a reuniãoem que Luiz Inácio Lula da Silva decidiu afastarprovisoriamente a direção da Agência Brasileirade Inteligência (Abin), o ministro-chefe do Gabinete deSegurança Institucional da Presidência, general JorgeArmando Félix, órgão ao qual a Abin ésubordinada, colocou o cargo à disposição dopresidente. Mas, segundo relato de um participante da reuniãode coordenação política, Lula afirmou que nãoera preciso e colocou nas mãos de Félix a decisãode definir quem deixará a cúpula da Abin.Lula preferiu nãoapontar nomes. Félix disse também ao presidente estarconvencido de que funcionários da agência nãoestão envolvidos nos grampos ilegais, apontados em matériada revista Veja desta semana.O afastamentoprovisório não significa que o governo jáconsidere a Abin culpada no caso, de acordo com fonte do Paláciodo Planalto. Em nota divulgada pelo Presidência da República,a justificativa para a saída da direção é“assegurar a transparência do inquérito”.O governo nãoteria também evidências de que os ministros de RelaçõesInstitucionais, José Múcio, da Casa Civil, DilmaRousseff e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, tambémteriam sido alvos das interceptações telefônicas.A reportagem diz terprovas de que a Abin teria grampeado telefonema entre o presidente doSupremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o senador DemóstenesTorres (DEM -GO), no dia 15 julho. O senador e o ministro da Corteconfirmam o teor da conversa.Pela manhã,Gilmar Mendes foi ao Planalto cobrar providências do presidenteLula. Depois, o senador Demóstenes Torres e o presidente doSenado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), outro suposto alvo de escutastelefônicas, também se reuniram com Lula para exigirexplicações.Além de afastara cúpula da Abin, Lula determinou que a Polícia Federalinvestigue o caso e que o Ministério da Justiça elaboraprojeto de lei, em parceria com o Supremo, com penas mais rígidaspara agentes públicos e/ou qualquer pessoa que realizarescutas telefônicas clandestinas.