Amorim volta a defender tratamento especial para Argentina em acordo na Rodada Doha

22/08/2008 - 20h55

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, voltou a defender hoje (22) um tratamentoespecial para a Argentina em um ainda possível acordo naRodada Doha. Os argentinos querem mais proteção para asua indústria.Para Amorim, a situaçãodo país vizinho é compreensível, pois houve umprocesso de desindustrialização grave, que foiimpulsionado inclusive por agências internacionais, “de modoque ela merece um tratamento especial”.O chanceler admite, noentanto, que não seria possível, no cenário denegociação atual, a aprovação de umasolução “sistêmica”, que pudesse ser aplicadaa todos os países, já que, segundo ele, poucos paísesdefenderam algum mecanismo de proteção àArgentina.“Eu não vejouma massa de apoio importante a transformar o problema da Argentinaem um problema sistêmico. Se for uma soluçãoespecífica, eu acho que nós podemos resolver. Se foruma solução para todos, eu não creio nisso”,afirmou o ministro.Amorim reafirmou que ainda é possívelretomar as negociações da Rodada Doha, interrompidas emGenebra, na Suíça, há um mês. Sóque, para o chanceler, o tempo que antes ainda era classificado comouma “janela de oportunidade” só pode ser considerado uma“fresta”, que poderia durar até o final de setembro emeados de outubro, para se decidir sobre os principais elementos,como as salvaguardas especiais. Depois desse prazo, ele acredita quesomente em dois ou três anos seria possível retomar umprocesso de negociação. “O capital decredibilidade que tem o processo [da Rodada Doha] naturalmente sofreuum baque muito grande. Ele pode reviver agora, mas se deixar muitotempo, vai embora”, disse.Amorim destacou que asconversas que têm sido mantidas com chefes de Estado eministros de diversos países, como a China, a Índia, aIndonésia, os Estados Unidos e o Quênia, têmdemonstrado vontade política para retomar as negociações.Para ele, os sinais recebidos nessas conversas “sãomoderadamente encorajadores”.“Se houver umadisposição política de encontrar uma solução[especialmente para as salvaguardas especiais para importaçãode produtos agrícolas], ela é possível”,afirmou o ministro. Contudo, ele ressaltou que ainda nãoexiste uma fórmula para essa solução.