Meirelles diz que é cedo para avaliar se decisões do BC já têm reflexo na economia

04/08/2008 - 18h49

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Banco Central (BC),Henrique Meirelles, afirmou hoje (4) que ainda é cedo para dizer se já existe reflexo das medidas adotadas pelainstituição, como o aumento da taxa básica de juros,na economia. O Boletim Focus, divulgado hoje, prevêqueda nos números de inflação, em comparaçãocom o que se previa na semana anterior, para este ano e para opróximo.

Ele ressaltou, no entanto, queexiste um início de efeito das decisões tomadas pelobanco, dentro de um processo crescente e cumulativo. “Isso vaidando resultado ao longo do tempo, com a devida defasagem”,afirmou.

Ao participar do 10º Semináriode Metas de Inflação, promovido pelo BC, Meirellesdisse também que, para o controle da inflação,“qualquer ajuda é bem-vinda, a qualquer momento”. Ele sereferia a afirmações feitas de manhã pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo estariapreparado para reforçar o aperto fiscal, se isto fornecessário para controlar a inflação.

Meirelles não quis, porém,comentar se a inflação já havia atingido seupico e começado a declinar. Segundo ele, o Banco Central “nãofaz avaliações de inflação no curtíssimoprazo”. As projeções do BC sobre a inflaçãosão divulgadas nas atas das reuniões do Comitê dePolítica Monetária (Copom) e no relatório deinflação. Os números deverão seratualizados na edição do próximo mês dorelatório.

“Fazemos as projeçõesbaseados em um cenário de referência, considerando aSelic e o câmbio constante dentro das variáveismacroeconométricas. E, depois, um cenário de mercado detaxas de Selic e câmbio projetadas pelo mercado.”

O presidente do BC reforçouque todos devem colaborar para que a inflação convirjapara as metas e lembrou a preocupação do governo paraque isso aconteça. A idéia é que a inflaçãoconvergirá para a meta de 4,5% em 2009. “E é essa aindicação que nós temos dado ao país.”

Ele explicou que a oscilaçãodos preços das commodities (produtos agrícolas eminerais comercializados no mercado internacional) é uma dasvariáveis levadas em conta na “dinâmicainflacionária”, mas destacou que é prematuro fazerprevisões sobre a evolução da cotaçãodelas nos próximos meses ou em 2009.

Meirelles lembrou que a atuaçãoda política monetária tem limites. “O que a políticamonetária pode fazer é assegurar um ambiente deestabilidade econômica, que faz com que os horizontes deplanejamento se alonguem e, em conseqüência, aumente o nível de investimento e possa haveruma maior geração de bem-estar para a sociedade. Esse éo limite da política monetária.”

O presidente do BC disse ainda que omaior custo do Produto Interno Bruto (PIB) é gerado pelainflação. “A inflação desorganiza aprodução, aumenta o nível de imprevisibilidade,diminui os horizontes de planejamento e, em conseqüência,diminui o nível do investimento. Portanto, o maior custo parasociedade é o aumento da inflação”. O PIB éa soma das riquezas produzidas no país.