Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Um documento apreendido pela Polícia Federal na casa do banqueiroDaniel Dantas, no Rio de Janeiro, foi usado como prova para o novo pedido de prisão do dono do Banco Opportunity. A informação é do procurador da RepúblicaRodrigo de Grandis, que solicitou hoje (10) à Justiça Federal em São Paulo aprisão preventiva do banqueiro.Em entrevista coletiva concedida na sede do MinistérioPúblico Federal, De Grandis disse que em um documento encontrado durante as diligências da Operação Satiagraha havia uma planilha com o título Contribuições ao Clube. Desse documento, afirmou o procurador, é possível deduzir que no ano de 2004 foram pagos 1,5milhão de dólares ou reais a título de “contribuição para que um dos companheirosnão fosse indiciado criminalmente”.Para De Grandis, o documento prova que Dantas utilizava-sede um esquema de suborno de delegados da PF para que seu nome não fosse citadoem inquéritos. “É um documento que revela, efetivamente, a prática da propinapor parte do grupo criminoso”, explicou o procurador.Ainda de acordo com De Grandis, em seu depoimento à PF, Hugo Sérgio Chicaroni, apontado comoemissário de Dantas, detalhou o esquema de corrupção ativa, crime diferente doque motivou a prisão do banqueiro na terça-feira (8).Segundo De Grandis, a prisão preventiva de Dantas não temprazo de validade e só uma decisão judicial pode livrar o banqueiro da prisão, que ele espera que não ocorra, uma vez que a decisão do juizFausto de Sanctis, que decretou a prisão preventiva, está “muito bemfundamentada”.O procurador criticou a decisãodo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que concedeu o habeascorpus a Dantas na noite de quarta-feira (9). Segundo ele, a decisão é ilegal einconstitucional, e criou um “foro privilegiado não previsto na Constituição”, já quefoi tomada em instância superior da Justiça antes de ter sido apreciada pelasinstâncias inferiores.