Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou hoje (10), no Rio, o lançamento de um novo Programa de Fundos de Investimento, dentro da estratégia de participação em fundos de investimento no país.Nesse novo programa, o BNDES investirá R$ 1,5 bilhão em dez fundos, sendo oito do tipo ‘private equity’ (investimento em participação) e dois fundos em ‘venture capital’ (empresas emergentes), de maior risco. Os dez fundos serão selecionados no prazo de 24 meses.O chefe do departamento de Investimento em Fundos do BNDES, Eduardo de Sá Klingelhoefer, salientou que o banco tem interesse em participar desses fundos porque “isso aumenta a capilaridade de ação do banco na capitalização das empresas de todos os portes”.O banco utiliza há cerca de dez anos o instrumento dos fundos de investimento que englobam desde empresas nascentes, cujo destaque é a inovação, através do Programa Capital Semente (Criatec), criado em 2007, até as empresas que se encontram próximo de fazer a abertura de capital. “O banco quer estar em todos os segmentos no processo de capitalização das empresas”.Eduardo de Sá disse que o novo programa reforça essa idéia. O BNDES está abrindo o processo de seleção de administradores dos fundos. A primeira chamada envolverá três fundos de ‘private equity’, cujas propostas deverão ser encaminhadas ao banco até o dia 11 de agosto próximo. Esses fundos são considerados os que apresentam o melhor retorno financeiro O Comitê de Mercado de Capitais do BNDES selecionará as melhores propostas, com base na demanda do mercado e nas prioridades do banco. O nível de captação é um dos critérios que serão analisados. A conclusão do processo está prevista para até o final daquele mês.Esses três fundos contemplarão uma política de investimentos no agronegócio, que é uma prioridade para o banco; etanol e biomassa, envolvendo co-geração de energia e biodiesel; e governança, cujo papel é amadurecer as empresas para a consolidação de determinados setores e levá-las posteriormente para mercado.O BNDES vai cobrar dos gestores que eles contribuam para o processo de geração de valor para as empresas, preparando-as para uma gestão profissionalizada. “O papel desses fundos é ampliar a participação das empresas no mercado, a consolidação de setores e que elas melhorem os controles internos, além de colocar um Conselho de Administração independente. Enfim, todo o aparato que o investidor quer para ter conforto em relação à aplicação de recursos”, frisou Eduardo de Sá.Ao participar desses fundos, o objetivo do banco é, junto com os investidores institucionais e investidores privados, aplicar recursos na economia real, nas empresas, relatou. “É o que a gente chama de efeito alavancador”, sublinhou Eduardo de Sá. O BNDES participa dos fundos de forma minoritária, com uma média de 20% do capital comprometido para os fundos de ‘private equity’. Os 80% restantes são oriundos de investidores privados, em sua maioria fundos de pensão. Eduardo de Sá estima que o apoio do banco poderá alavancar mais de R$ 7 bilhões para as empresas. Nos fundos de ‘venture capital’, a participação do banco pode ser de até 25%.O instrumento vem sendo usado com sucesso pelo BNDES há cerca de dez anos. Como se trata de investimento de longo prazo, o retorno financeiro esperado virá para o banco no espaço de cinco a seis anos. A expectativa é que os fundos mais competitivos possam oferecer um retorno equivalente ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) mais até 20%.Atualmente, a carteira do BNDES registra um total de 31 fundos de diferentes portes, dos quais nove já estão no mercado em fase de investimento, isto é, estão buscando oportunidades de negócios. O banco tem comprometido nesse conjunto de fundos um total de R$ 1,5 bilhão. Esses fundos permitiram investimentos diretos em mais de 110 empresas de portes variados e diversos setores da economia.O principal setor atendido pelos fundos de ‘venture capital’ incluídos na carteira do BNDES foi o de Tecnologia da Informação (TI), que “apresenta uma curva de crescimento forte”. Na carteira dos fundos de ‘private equity’, os destaques foram os setores de energia (co-geração principalmente) e logística.Eduardo de Sá reconheceu que o BNDES está este ano com problema de recursos para atender à forte demanda. “Mas o presidente do banco [Luciano Coutinho] está empenhado em buscar recursos adicionais”, frisou. Lembrou que o orçamento de R$ 1,5 bilhão para os dez novos fundos não será executado de uma só vez. Portanto, não fará parte do orçamento de cerca de R$ 80 bilhões, previsto para desembolsos em 2008. O prazo das liberações para os novos fundos varia de quatro a cinco anos.