Oposição define estratégia de investigação sobre o processo de venda da Varig

11/06/2008 - 22h39

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sem uma provaconsistente da suposta pressão exercida pela Casa Civil parabeneficiar a empresa americana Matlyn Patterson na aquisiçãoda Varig e da VarigLog, além das declarações daex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil(Anac) Denise Abreu, a oposição vai concentrar suasações em duas frentes: a análise dos documentosdeixados pela ex-dirigente e o depoimento do advogado Roberto Teixeira, na próxima quarta-feira (18), na Comissão de Infra-Estrutura do SenadoOsex-dirigentes da Anac Milton Zuanazzi e Leur Lomanto negaram pressõesda Casa Civil na negociação. O procurador-geral daagência, João Elídio de Lima Filho, que emitiu oparecer favorável à venda da Varig, também nãoconfirmou ter sido pressionado.O líder do PSDBno Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), deu o tom da açãoa ser adotada pela oposição. Segundo ele, Denise Abreu,"cartesianamente", deixou clara as supostas pressõesque Roberto Teixeira teria exercido para concretizar à vendada Varig para o consórcio da Matlyn Patterson com trêsempresários brasileiros. O advogado tinha a empresa americanacomo cliente. "Os pareceresforam mudando. O mundo foi ficando a feição do quequeria o senhor. Roberto Teixeira", disse Virgílio.Osenador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também questionou DeniseAbreu sobre a proximidade de Roberto Teixeira com autoridades dogoverno, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele estranhou ainda o fato de Roberto Teixeira representar, nanegociação empresarial, os interesses da VariLog e da Varig,além da compradora Matlyn Patterson.O próprio líderdo PSB, Renato Casagrande (ES), disse que o depoimento de DeniseAbreu não apresentou qualquer prova. “Limita-se agoraa uma disputa comercial. Eles [oposição] vãoconcentrar suas ações no depoimento do RobertoTeixeira", disse Casagrande.O líder dogoverno, Romero Jucá (PMDB-RR), foi mais longe. Para ele, oassunto está encerrado, uma vez que a ex-dirigente nãoconseguiu qualquer prova ou testemunha que comprovasse suas denúnciasde que sofreu pressões da Casa Civil."Eu acho que oassunto está encerrado, porque se desfez, inclusive, aacusação. Não houve pressão da ministraDilma [Rousseff], não houve determinação dogoverno, a Anac agiu com autonomia", disse ele.Jucá acrescentouque o governo fará qualquer outro tipo de esclarecimento, casoseja necessário. Ele descartou, entretanto, qualquerpossibilidade de a ministra Dilma Rousseff comparecer ao Senado paradar explicações sobre o caso.Já a líderdo PT, Ideli Salvatti (SC), ressaltou que todo o processo detransferência acionária teve o acompanhamento daJustiça, que não foi questionado em momento algum. Omesmo raciocínio é adotado pelo senador AloízioMercadante (PT-SP). "Toda a gestão quem decidiu foi aJustiça, que não foi derrubada e nem contestada emnenhuma instância", afirmou.