Estudantes cariocas fazem caminhada contra violência

26/04/2008 - 13h09

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Vestindo camisetas brancas, carregando cartazes e cantando músicas da Igreja Católica, cerca de 200 alunos de escolas públicas e privadas da Tijuca, na zona norte da cidade, fizeram hoje (26) uma caminhada contra as diversas formas de violência. As crianças e adolescentes percorreram várias ruas do bairro e terminaram a manifestação no pátio da Basílica de Santa Terezinha. A iniciativa do protesto partiu dos estudantes do Instituto Isabel, mantido pela Congregação Nossa Senhora da Visitação e que tem 60% de alunos bolsistas oriundos de comunidades carentes.Segundo o professor Kleber Ávila Pereira, organizador da caminhada, em todas as atividades da escola os alunos têm demonstrado “muita inquietação” com o clima de insegurança, principalmente aqueles que moram em favelas dominadas pelo tráfico de drogas e que constantemente convivem com trocas de tiros.“Essa caminhada foi uma solicitação dos próprios alunos e a idéia é sensibilizar os mais velhos de que é preciso dar voz às crianças. Eles mesmos fizeram os cartazes com desenhos de situações de violência muitas vezes vividas por eles. Então, não podemos ignorar esse clima. Além de debater a violência na sala de aula decidimos apoiar os estudantes”, contou o professor.Emocionada, a aluna Micheline dos Santos Dantas, de 18 anos, interna no Instituto Isabel, e cuja família mora no morro do Borel, na Tijuca, lembrou que perdeu uma amiga durante uma festa na favela – houve uma briga e a amiga foi atingida por dois tiros, disse.“Eu senti o mundo desabar e fiquei muito revoltada. Isso aconteceu há um ano e até hoje o crime não foi esclarecido. Então sentimos necessidade de ir para a rua pedir paz, respeito”, acrescentou.Também participaram da caminhada os pais da estudante Gabriela Prado, morta por um assaltante em fuga diante da estação do metrô na Praça São Francisco Xavier, também na Tijuca, e a empregada doméstica Sirlei Dias, espancada em julho do ano passado por cinco jovens de famílias de classe média alta em um ponto de ônibus na Barra da Tijuca.