Débora Xavier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil necessita das pesquisas com células-tronco para amenizar os efeitos de muitas doenças incuráveis, entre elas, o Mal de Parkinson. A afirmação é do presidente da Associação Brasil Parkinson, Samuel Grossman, que defende o uso de celulas-tronco embrionárias em pesquisas.“Esse é o apelo que hoje, Dia Nacional do Parkinsoniano, faço aos ministros do Supremo Tribunal Federal para que decidam, logo, pela liberação das pesquisas. Do contrário, o Brasil ficará para trás no que diz respeito ao tratamento de muitas doenças incuráveis. Como é hoje, somente aqueles que têm recursos para se tratar no exterior é que têm chances de voltar completamente a uma vida normal”, disse Grossman.De acordo com dados da instituição, existem hoje no Brasil cerca de 180 mil pessoas afetadas pela doença. A tendência é que o número de doentes cresça nos próximos anos, devido, sobretudo, ao envelhecimento da população. “Apesar de a doença ser mais comum depois dos 50 anos, ela também acomete jovens adultos. Temos uma associada que os primeiros sintomas surgiram na sua vida aos 27 anos. Quanta diferença faria para ela se já tivéssemos recursos terapêuticos capazes de curar a enfermidade”, afirmou.A doença de Parkinson, apesar de não ser letal, contagiosa nem hereditária, é progressiva, e, até hoje, incurável, afirmou Grossman. A enfermidade, descrita em 1817 pelo médico inglês James Parkinson, tem origem no sistema nervoso central, degenerando as células localizadas na chamada substância negra que produz a dopamina. Essa substância é a responsável pela condução dos neurotransmissores que possibilitam o controle e a coordenação dos movimentos, do tônus muscular e da postura. Dessa forma, a falta ou a produção insuficiente da dopamina vai progressivamente causando a lentidão dos movimentos e a falta de expressões faciais. Em estágios mais avançados, há um descontrole total da movimentação corporal. “Uma vez instalada a doença começa o tremor dos lábios, a pessoa mexe com os dedos como se estivesse com a mão em um formigueiro”, afirmou o presidente da associação. O diagnóstico da doença de Parkinson é feito por exclusão. Quando os primeiros indícios da doença surgem, são recomendados eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética e análise do líquido espinhal, para afastar a possibilidade de que o paciente possua outra doença qualquer no cérebro. Baseado na história clínica do doente e no exame neurológico é diagnosticada a doença, já que não há teste específico capaz de apontar a sua instalação. “Os sintomas só podem ser controlados com uma medicação que deve ser tomada a vida toda, desde quando é feito o diagnóstico. Sem a medicação as pessoas ficam trêmulas e, ao mesmo tempo, rígidas como se fossem um bloco de gelo”, afirmou. De acordo com Grossman, o Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente medicamentos para os doentes de Parkinson. “Aqui em São Paulo, não sei de ninguém que não consiga nos postos de saúde do SUS toda a medicação necessária. Ouço dizer que no Rio de Janeiro eles têm dificuldades”, afirmou. Para Samuel, além da medicação, os doentes necessitam também de muitos outros cuidados. “A Associação Parkinson Brasil, fundada em 1985, foi a primeira instituição brasileira a se dedicar à doença. Aqui temos 2 mil pessoas a quem oferecemos apoio psicológico, terapias ocupacionais, sessões de fonoaudiologia, aulas de canto e de pintura fono, coral, aulas de pintura”, informou. Grossman, que convive com a doença de parkinson desde que sua esposa apareceu com os primeiros sintomas aos 45 anos, acrescentou que os ministros do Supremo - com uma possível decisão que libere a realização de pesquisas com células-tronco - poderão "oferecer" alternativas muito melhores aos doentes. “Eles [os ministros do STF] poderão dar a todos eles [doentes] outra qualidade de vida”, resumiu.