Julio Cruz Neto*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Centenas de milhares decolombianos saíram às ruas em seu país e em mais130 cidades do mundo num protesto contra as Forças ArmadasRevolucionárias da Colômbia (Farc), segundo a agênciaargentina Telam.Na capital da Colômbia,Bogotá, manifestantes percorreram as ruas com cartazes em quese liam frases como “Chega de Farc”, “Chega de seqüestros”,“Chega de mortes” e “Chega de terrorismo”. Citando jornaislocais e agências internacionais, a Telam qualifica o ato dehoje como a maior manifestação cívica dahistória da Colômbia.Edificios e sacadasforam enfeitados com bandeiras brancas e colombianas, as mesmasempunhadas pelos manifestantes. Vários estabelecimentoscomerciais, empresas e repartições públicasfecharam as portas pouco antes do meio-dia para permitir que osempregados participassem.O governo de Álvaro Uribe e aoposição política e de setores críticosao oficialismo buscaram capitalizar em seu favor o peso damanifestação.As passeatas ocorrem dois diasapós as Farc anunciarem a liberação, de formaunilateral, de mais três reféns, os políticosGloria Polanco de Losada, Luis Eladio Pérez e Orlando BeltránCuéllar.Embora tivesse garantido que se manteriaisento, o presidente Uribe manifestou apoio à marcha cidade deValledupar, enquanto vários ministros saíram àsruas de Bogotá.“Colômbia, o que acontececonosco é que gostamos muito de você”, disse Uribe emuma breve aparição. Ele afirmou que se deve atuar “comfirmeza para derrotar os criminosos”.Entusiasmado com amagnitude da marcha, o presidente agradeceu aos participantes eprometeu manter-se “firme até que os criminosos entendam queo solo da Colômbia jamais voltará a recebê-los”.Cercade 60 mil pessoas se reuniram na Plaza de Bolívar, ondeentoaram o hino nacional e cânticos pela paz, numa cenaacompanhada pelos meios de comunicação, que mostraram770 cadeiras vazias, uma para cada seqüestrado em poder dasFarc.A Igreja Católica, através de umcomunicado da Conferência Episcopal, tinha convidado “todosos colombianos a se unirem à mobilizaçãonacional”.O partido esquerdista Polo DemocráticoAlternativo (PDA) fez sua própria marcha na Plaza Bolívar,horas antes da chegada das primeiras colunas, sob o lema “Peloacordo humanitário: não à guerra, não aoseqüestro”, manifestação prestigiada por grêmiossindicais.Parentes dos seqüestrados se reuniram naIgreja do Voto Nacional, em vez de participar do protesto, por temorde represálias da guerrilha contra os reféns.AstridBetancourt, irmã de Ingrid, a ex-candidata presidencialcolombiana seqüestrada pelas Farc, acusou o presidente Uribe de“manipular as marchas” convocadas para hoje e apresentá-lascomo sendo unicamente contra as Farc.A irmã de Ingridclassificou o presidente como responsável por “atiçara raiva, a cólera dos colombianos, sem propor nenhumasolução”, e de querer justificar o uso da forçae da intervenção armada, e não do diálogo.A manifestaçãoteve origem a partir de uma idéia de um engenheiro civil de 33anos, Oscar Morales, que propôs na rede social Facebook, nainternet, um protesto contra as Farc, proposta que rapidamente sedifundiu pela Colômbia e pelo mundo.Segundo a FundaçãoPaís Livre, na Colômbia estão seqüestradasatualmente cerca de 3.200 pessoas, 770 delas nas mãos dasFarc, 400 do Exército de Libertação Nacional(ELN), 250 dos paramilitares e o restante de outros grupos.