Ano teve menos conflitos no campo e menos reforma agrária, afirma CPT

30/12/2007 - 19h15

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - De acordo com os dadosparciais de 2007 divulgados pela Comissão Pastoral da Terra(CPT), o número de conflitos agrários registrados dejaneiro a setembro é menor do que o registrado no mesmoperíodo de 2006. Foram 837, contra 1.414 nos nove primeiros meses do ano  passado – uma reduçãode 40,8%. Embora os dados dos últimos meses do ano aindanão estejam fechados, o quadro semanteve, segundo o advogado da CPT no Pará JoséBatista. Contudo, ele avaliou que a quantidade menor de conflitos nãochega a ser um dado animador, porque se deve, em parte, a umaausência de ações do governo para reformaagrária.Em entrevista à AgênciaBrasil, JoséBatista disse que a avaliação de 2007 em relaçãoà reforma agrária é negativa “porque oproblema do campo não está sendo solucionado, aconcentração da terra continua da mesma forma comovinha se procedendo nas últimas décadas e nos últimosséculos da história do Brasil”.“A reformaagrária deixou de ser uma ação prioritáriadesse governo, diminuindo então as ações [dosmovimentos sociais] nosentindo de enfrentar o problema da concentração daterra e do assentamento de novas famílias”, avaliou oadvogado, que é membro da coordenação nacionalda CPT.O Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (Incra) não quis se pronunciar sobre acrítica. A assessoria de imprensa do órgãoinformou que divulgará o balanço completo das açõesdeste ano em meados de janeiro.Segundo Batista, a falta deação governamental desestimula as famílias aagir. “Se nós temos menos acampamentos, menos ocupações,conseqüentemente teremos menos possibilidades de umenfrentamento entre trabalhadores e proprietários”,concluiu. São incluídos no levantamento disputas porterra e por água, acampamentos, invasões e casos detrabalho escravo, entre outros.O Sudeste foi a únicaregião que, nos nove meses computados, registrou aumento nonúmero de conflitos agrários. O advogado disse que umdos motivos que levaram a isso foi o fato de a região ser umaárea de expansão do agronegócio, principalmenteculturas voltadas para a exportação e a produçãode biocombustíveis. “No ano de 2006 já sepercebia nitidamente um ligeiro crescimento da violência nasáreas de expansão da monocultura [quando apenas umproduto é cultivado], voltada aos interesses doagronegócio”, analisou.Para a entidade, épossível dizer que 2007 foi um "ano perdido", porcausa da falta de ações do governo e por causa da grevedo Incra, no primeiro semestre, atrasando ações quepoderiam ter sido feitas. A expectativa para 2008, disse JoséBatista, não é de mudança.“Nãonos surpreendamos que de novo, em 2008, o governo anuncie que amaioria dos assentados de 2007 sejam da região da Amazônia,onde não se configura na prática assentamento, éregularização de famílias que já estãona terra há décadas e em alguns casos há muitomais do que isso”, comentou.