Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê de Política Monetária do Banco Central(Copom) divulga no final da tarde de hoje, depois do fechamento do mercado financeiro, no final datarde, a tendência dos juros básicos no Brasil (Selic) até os dias 22 e 23 dejaneiro de 2008, quando o colegiado se reúne para tratar novamente doassunto.
Desde setembro, o Copom vem mantendo a taxa em 11,25%, depois de optar pela cautela, como indica a ata daúltima reunião, realizada em outubro. No documento, o colegiado expõe o temor pelo aumentoda demanda interna e, conseqüentemente, pelo risco de interromper a trajetória de queda dainflação.
"O Copom avalia que se elevou aprobabilidade de que a emergência de pressões inflacionárias inicialmentelocalizadas venha a apresentar riscos para a trajetória da inflação doméstica,uma vez que o aquecimento da demanda pode ensejar aumento no repasse depressões sobre preços no atacado para os preços ao consumidor",registrou a ata do encontro.
Analistas de mercado ouvidos em pesquisasemanal do Banco Central, publicada no relatório Focus, estimam quea queda da taxa básica de juros só deverá ser retomada no próximo ano, quandoa Selic poderá chegar a 10,25% ao ano.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quenão participa das decisões do Copom, os fatores que mais contribuem no momentopara uma pressão momentânea da inflação são os preços agrícolas.
"Os preços agrícolas eramresultantes de uma safrinha mal sucedida por causa da falta de chuvas. Mas jácomeçou a chover". disse o ministro.
Para ele, no entanto, a inflação não preocupa, mesmo com algumas oscilações sazonais. Outro fator que não se tem traduzido eminflação mais alta é a capacidade elevada do setor industrial.
"Já era esperado que a produção industrialdesse uma arrancada forte neste final de ano. Portanto não me surpreendo. Issomostra que a produção industrial deva fecha acima de 6%. Isso não quer dizerque vá se traduzir numa inflação maior", afirmou.
De acordo com Mantega, existe a mania de se acharque um crescimento maior deva necessariamente se traduzir em uma inflaçãomaior. Ele disse, no entanto, que no caso dos preços industriais o crescimento temficado abaixo da meta de inflação, de 4,5 % no Índice de Preço aoConsumidor Amplo (IPCA). "O que me faz deduzir que os preços industriais nãocontribuem com a elevação da inflação", analisou Mantega. O ministro reafirmou porém que os comentáriosfeitosnão são opiniões dirigidas ao Copom. "Eu não opino sobre areação do Copom. O Copom faz as análises dele. Tem uma visão mais ampla do queisso que estamos falando e vê qual a decisão para o próximo ano", disse.