Jefferson Péres diz que hoje "é um dia fúnebre para o Senado"

04/12/2007 - 20h48

Iolando Lourenço, Marcos Chagas e Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator do processo contra o senador Renan Calheiros, senador Jefferson Péres(PDT-AM), disse ter receio de que a absolvição de Renan em plenário tenhaconsequências a longo prazo com um desperdício da classe política. “Éum dia fúnebre para o Senado”, comentou. O senador disse que achou“impressionante” a diferença de votos a favor de Renan Calheiros. Foram48 pela absolvição contra 29 pela cassação e três abstenções. RenanCalheiros abriu mão de seu voto.A diferença de votos que inocentou Renan nestejulgamento foi maior do que no primeiro, quando o placar mostrou 40votos pela absolvição contra 35 pela cassação. Na ocasião, as seisabstenções foram fundamentais para que Renan escapasse da perda demandato.O presidente do Conselho de Ética do Senado, LeomarQuintanilha (PMDB-TO), disse que ainda vai refletir sobre asegunda absolvição de Renan Calheiros (PMDB-AL) em plenário e o queisso representa para o andamento ou não dos outros processo a que oex-presidente da Casa responde no colegiado.Perguntado pela Agência Brasil sobre o que faria a partirde agora com os outros processos, o senador respondeu com outrasperguntas: “O que você acha que a Casa disse hoje? Qual a mensagem quea Casa passou? O que significa isso? Vou pensar no que fazer com osoutros processos a partir de agora”, disse.Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), “o que a imprensa divulgou era verdadeiro, que oPalácio do Planalto fez um acordo para que o PT votasse maciçamente afavor da absolvição de Renan e em troca o PMDB daria os votos pelaaprovação da CPMF. E isso, caso Renan renunciasse antes da sessão.Aconteceu tudo conforme a imprensa tinha divulgado amplamente”.Segundo ele, os senadores não se preocuparam coma imagem do Senado. “Eles estão se preocupando com as vantagens queobtém na negociação com o governo”, completou.O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),contestou a tentativa da oposição em vincular a absolvição de Renan auma eventual aprovação da emenda que prorroga a Contribuição Provisóriasobre Movimentação Financeira (CPMF). “Se houvesse acordo, eu diria quea oposição só tem 29 votos para a CPMF que foi o placar dos votoscontrários a Renan”, disse.Jucá ressaltou que o julgamento de Renan “foi umprocesso limpo e transparente” que deu direito de defesa e convenceu ossenadores. “A oposição não deve misturar a questão com a CPMF porqueesta sim, é uma questão muito mais partidária, que está sendo colocadade forma eleitoral e que não deve ser feita assim”.O senador Almeida Lima (PMDB-SE) comemorou o resultado. Para ele,a absolvição não desgasta o parlamento. “A imagem do parlamento estádesgastada por conta daqueles que representaram e criaram essa celeumadurante todo este tempo deixando o Senado na berlinda quando não havianenhuma necessidade para tanto”, disse.