Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Operação Diamante Rosa, coordenada pela pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), identificou mais de 300 garimpeiros acusados de atuar irregularmente na represa de Marimbondo, no Rio Grande, região noroeste paulista, perto da divisa com o estado de Minas Gerais. Os garimpeiros foram qualificados pela Polícia Federal. Ontem (29), o Ibama informou que quatro pessoas haviam sido presas por tentativa de fuga.O Ibama também apreendeu 26 balsas que operavam ilegalmente no local – 13 delas foram retiradas da água e tiveram seus motores apreendidos. A Cooperativa Mista dos Garimpeiros do Baixo Vale do Rio Grande (Coopergrande), responsável pelas balsas, foi autuada em R$ 9 milhões. E os integrantes deverão responder por crime ambiental e por usurpação de bem da União. A cooperativa tinha autorização para garimpar em uma área de mil hectares, mas extraía diamantes em uma área seis vezes maior. Além da multa, foi cassada a autorização da Coopergrande para atuar na área.Na madrugada de quinta-feira (29), três balsas apreendidas desapareceram e oito tiveram seus motores furtados. Como a Coopergrande era a depositária fiel das embarcações, terá que responder judicialmente pelo ocorrido.A extração de diamantes era feita no leito do rio em balsas equipadas com potentes motores para sucção do cascalho. Um garimpeiro mergulhava até cerca de 20 metros – antes, o Ibama havia informado que os garimpeiros chegavam a 200 metros de profundidade – conduzindo uma mangueira com cerca de seis polegadas de diâmetro para sugar o cascalho, onde ficam depositados os diamantes. O mergulho era feito com equipamentos de respiração rudimentares e sem considerar as tabelas de descompressão, fundamentais para quem exerce esse tipo de atividade.Todo o material sugado era conduzido até um separador de cascalho – uma espécie de escada de metal –, para identificar e coletar os diamantes. Feita a separação, o material era devolvido ao rio sem nenhum critério, provocando turbidez da água e até assoreamento de alguns pontos.“Como não se tinha licença ambiental, não existia o estudo de impacto que essa balsa poderia causar ao revolver o fundo do rio, o que poderia danificar a flora e a fauna da vegetação sub-aquática. Para os peixes temos um agravante: tudo isso está ocorrendo no período de piracema, o que prejudica mais ainda a reprodução”, afirmou o coordenador da operação do Ibama, Luiz Antônio Gonçalvez.A operação contou com cerca de 100 homens, dois helicópteros, quatro lanchas e 16 viaturas. A Marinha, a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Nacional de Produção Mineral deram apoio às ações. O Ibama informou que continuará fiscalizando a região para evitar a retomada do garimpo no local.