Greve impede realização de exames para diagnosticar câncer

30/11/2007 - 19h42

Gislene Nogueira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um exame de alto custo e de alta definição para diagnosticar câncer deixou de ser feito nos hospitais do país porque funcionários públicos de dois institutos que produzem produtos radioativos usados no procedimento estão em greve. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) anunciou que vai cortar o ponto dos grevistas e que exige a manutenção de um número mínimo de servidores no trabalho. O exame é feito em um aparelho chamado PET (Pósitron Emission Tomography), que permite a visualização de tumores de difícil localização e de tamanho reduzido. O Sistema Único de Saúde (SUS) não cobre o procedimento, por isso o PET não é usado no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. A técnica exige o uso do FDG, um radiofármaco produzido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, e pelo Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), no Rio de Janeiro. Os servidores estão em greve desde 17 de outubro, mas mantinham até quarta-feira (28) o trabalho de produção do FDG.Com a paralisação na fabricação, os exames com o PET foram suspensos, porque o radiofármaco não pode ser estocado e perde a eficácia 110 minutos depois de produzido. Nesta semana, deixaram de ser produzidas 150 doses que atenderiam cerca de 150 pacientes. Os pesquisadores querem a revisão da tabela salarial que inclui ainda tecnologistas e auxiliares. O diretor do sindicato dos servidores do Ipen, Renato Benvenutti, explicou em entrevista à Agência Brasil que um profissional de nível médio com 30 anos de treinamento, por exemplo, recebe salário máximo de R$ 2,5 mil."Negociamos com o governo há mais de 18 meses e não houve avanço na proposta. Se for apresentada uma boa proposta, retornaremos imediatamente", disse o diretor do sindicato.O Ministério de Ciência e Tecnologia informou que negocia recursos com o Ministério do Planejamento para atender às reivindicações dos servidores em greve. E que na próxima quarta-feira (5) haverá uma reunião entre representantes dos ministérios e da categoria. O MCT deu prazo de 24 horas para que os institutos voltem a ter um número mínimo de profissionais no trabalho, a fim de garantir a produção. O Ipen informou que fará o possível para retomar o nível de fabricação do radiofármaco na próxima semana.