Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os 19acusados de participação no esquema de venda deliminares para beneficiar donos de bingos e máquinascaça-níqueis poderão ficar no Rio de Janeiro atéo dia 17. Inicialmente eles seriam tranferidos paraa Penitenciária Federal de Segurança Máxima deCampo Grande (MS) na segunda-feira (7), quandoaconteceria a última audiência, de João Oliveirade Farias. Segundo a Polícia Federal (PF), ele atuaria como umdos tesoureiros do esquema.Mas como quatroinvestigados se negaram a falar, alegando que não tiveramacesso às gravações das conversas telefônicasfeitas pela PF, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ªVara Criminal Federal, decidiu abrir mais três dias de prazopara novas audiências, se os advogados quiserem, nos dias 15,16 e 17.Se algum dos quatroquiser depor novamente – e como a legislação permite aoacusado ouvir os interrogatórios dos demaisenvolvidos –, eles podem permanecer no Rio por mais algunsdias, em vez de serem enviados para Campo Grande. A decisão final, no entanto, cabe à juíza, que vai determinar se eles vãoa Campo Grande e retornam no dia 15, ou se permanecem no Rio, presosno Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar, emBenfica (zona Norte).A situaçãodos quatro servidores públicos presos na operação– Susie Pinheiro Dias Mattos, delegada da PF; CarlosPereira da Silva, delegado da PF; Francisco Martins da Silva, policial federal; e Marcos dos Santos Bretas, policial civil – também deve serdecidida nos próximos dias. A legislação permiteque, no caso deles, se abra um prazo de 15 dias, a contar dorecebimento da denúncia, que foi no dia 20 de abril, para serapresentada uma defesa por escrito. Cabe à juiza Ana Pauladecidir se aceita os argumentos apresentados ou se os convoca adepor.Eles estãopresos na PF de Brasília e sua eventual transferênciapara o Rio pode retardar ainda mais a ida dos demais acusados paraCampo Grande.Na tarde de hoje (4), mais três acusados depuseram na 6ª VaraFederal Criminal. O primeiro a ser ouvido foiVirgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunalde Justiça (STJ) Paulo Medina. Ele é acusado nadenúncia do Ministério Público Federal deintermediar o pagamento de R$ 600 mil de propina entre donos debingos e o ministro Paulo Medina, que concedeu uma liminar liberando900 máquinas caça-níqueis.Mas segundo o seuadvogado, Renato Tonini, na audiência de interrogatório,Virgilio Medina se declarou inocente e negou todas as acusações.O advogado desclassificou a denúncia feita MinistérioPúblico Federal (MPF) e disse que era apenas a cópia dainvestigação da PF: "Não há gravaçãonegociando qualquer coisa que seja. É uma ficçãomal redigida pela Polícia Federal. O Ministério Públicose deixou impressionar pela grande imaginação daPolícid Federal. Tecnicamente, isto será explorado nomomento certo, no julgamento da questão".O segundo a depor foi o delegado aposentado da Polícia Federal Luiz Paulo deMatos. De acordo com a cópia do depoimento liberada pela Justiça Federal, na maior parte das perguntas feitas pela juíza AnaPaula sobre sua participação no esquema, Luiz Paulo disse que não se lembrava dos fatos. No meio dointerrogatório, ele alegou que estava passando mal e se recusoua responder a mais perguntas.Outro acusado ouvidopela juíza foi Nagib Sauid, que nas investigaçõesda PF aparece como sócio de Júlio Guimarães,sobrinho de Ailton Guimarães Jorge, o CapitãoGuimarães, de quem também seria tesoureiro. Mas Nagibse recusou a falar, alegando que não teve acesso àsgravações telefônicas. Segundo o advogado Manoelde Jesus Soares, seu cliente não tem envolvimento em negóciosilegais. Ele negou que Nagib seria sócio de Júlio etesoureiro de Guimarães.