Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O músico Herbert Vianna avalia que o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas "não incorre em um pecado mortal”.Ele, que esteve hoje (20) na audiência pública promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o assunto, disse que o debate “revela o grau de evolução e de educação da sociedade brasileira em termos de conhecimento e auto-crítica para o que está se tentando implementar ou, de uma maneira retroativa, impedir que avance”.O músico é defensor do uso científico de células-tronco embrionárias. Em maio de 2001, o integrante do grupo Paralamas do Sucesso sofreu um e acidente de ultraleve em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, que o deixou paraplégico.Segundo ele, a posição religiosa, contrária às pesquisas, vai contra os ensinamentos bíblicos. “Tudo isso é um vento que vem para restaurar a vida, a dignidade e a condição de circulação para tanta gente. Somos muitos milhões pelo país”.A primeira audiência pública realizada pelo STF terminou após sete horas de apresentações, feitas por 22 expositores. Ao final, o relator do processo, ministro Carlos Ayres Britto, se disse feliz com os debates. Ele destacou que as apresentações tiveram foco na discussão sobre o início da vida humana e da identidade desse início com o próprio ser humano. Britto será o primeiro a relatar o voto, que é uma proposta de decisão para os demais ministros. “Muitas vezes levamos ao plenário um voto, na condição de relator e por efeito do debate que se instaura, aquele ponto de vista inicial pode ser modificado. É a riqueza do debate”.Na avaliação dele, apesar de a discussão ter sido polarizada em torno de dois valores jurídicos tutelados pela Constituição - o direito à saúde e a livre expressão da atividade científica - eles são indissociáveis.”Para nós, essa se torna uma causa mais difícil de resolução porque os valores se contrapõem, não em tese, mas na prática. E a nossa opção, por mais paradoxal que pareça, é entre o certo e o certo”.