Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O arcebispo de São Paulo, don Odiolo Scherer, disse que o principal questionamento feito pela Igreja Católica quando se discute o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas é se o ser humano deve ou não ser usado para a manipulação científica.“Essa é a questão de fundo, ainda que seja para obter resultados positivos proveitosos para a humanidade: se é lícito manipular o ser humano, inclusive suprimir a vida e obter resultados científicos favoráveis”.Scherer, que também é secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou hoje (20) da audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) que discute o assunto.De acordo com o arcebispo, a Igreja Católica considera os embriões, ainda que descartados, como seres humanos. “É um humano no seu estado inicial de desenvolvimento, por isso a Igreja não concorda que se possa usá-lo como material genético para pesquisa científica”.Ao ser indagado se o descarte de embriões não seria um ato desumano, Scherer respondeu que “o ser humano não é interessante enquanto é útil para os outros, mas que ele é intocável em si mesmo”. Para o arcebisto, a vida começa com a fecundação. “ Por isso, é ser humano e já é indisponível para outros usos”.Dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida revelam que existem hoje no brasil 9,9 mil embriões congelados. Para o arcebispo, a existência desses bancos de embriões é eticamente incorreta. “O ser humano não é negociável, vendável e não está disponível para fazer o que eu quero”.Essa é a primeira vez que o STF realiza um audiência pública. A idéia de promover o debate surgiu a partir de uma ação do Ministério Público Federal, que aponta o artigo 5º da Lei de Biossegurança como inconstitucional. De acordo com o autor da ação e subprocurador da República, Cláudio Fonteles, o artigo está fora do contexto da lei,que estabelece normas de seguranças voltadas para atividades com organismos geneticamente modificados (transgênicos).