Estados Unidos não podem "relaxar" nas tarifas para etanol brasileiro, diz produtor norte-americano

28/03/2007 - 18h36

Vitor Abdala
Enviado especial
Washington (EUA) - Embora afirme ser contrário a mecanismos que facilitem a entrada do etanol brasileiro nos Estados Unidos, o vice-presidente executivo da Coalizão Americana pelo Etanol, Brian Jennings, diz que os dois países devem aumentar a aproximação estratégica na área de pesquisa e difusão do combustível para o resto do mundo. A entidade que ele representa - ACE, sigla em inglês para American Coalition for Ethanol - congrega metade dos 120 produtores de álcool norte-americanos."Não podemos aceitar que nos desfaçamos de nossos programas ou relaxemos nossas tarifas para o etanol brasileiro, nesse ponto em que a indústria do etanol ainda precisa crescer e amadurecer aqui nos Estados Unidos. Mas acho que há muito a aprender com o Brasil, e há muitas áreas em que podemos trabalhar juntos".Jennings refere-se à sobretaxa de US$ 0,54 cobrada pelos Estados Unidos por galão de etanol adquirido no Brasil (cada galão equivale a pouco mais de 3 litros). Essa questão foi discutida pelos dois países no início de março, quando o presidente norte-americano, George W. Bush, visitou o Brasil. Na ocasião, Bush afirmou que a lei sobre as tarifas se estenderá até 2009. "Quando chegar no fim deste período, o Congresso vai fazer alguma coisa”, disse. Atualmente, o etanol norte-americano, feito a partir do milho, custa 50% mais que o brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar. Mas as barreiras comerciais impostas pelo país tornam o etanol local mais barato.Em entrevista hoje (28) à Agência Brasil, Jennings disse apoiar a disposição de ambos os países em trabalharem juntos. "Isso é interessante para vermos se podemos estabelecer linhas-mestras para o comércio de etanol no resto do mundo, já que provavelmente esse produto se tornará mais importante no futuro".Na ocasião da visita de Bush, ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinaram um memorando de cooperação bilateral para produção de biocombustível.  Segundo o documento, representantes de ambos os governos pretendem avançar na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias para biocombustíveis de nova geração.Jennings - que concedeu a entrevista por telefone, de seu escritório em Dakota do Sul -, afirma ser "fundamental" um intercâmbio científico-tecnológico entre os dois países. "Essa é uma das áreas em que podemos provavelmente cooperar, ajudando-nos uns aos outros a desenvolver inovações tecológicas, tanto para o etanol de cana-de-açúcar como de milho. Compartilhar tecnologias pode nos tornar mais eficientes ao produzir etanol".Na próxima sexta-feira (30), Lula viaja para os Estados Unidos, onde se encontrará novamente com o presidente norte-americano. A questão do biocombustível está prevista na pauta do encontro.