Encontro discute futuro da agricultura familiar

28/03/2007 - 1h32

Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - Agricultoresde 22 microrregiões do Rio Grande do Sul, Paraná eSanta Catarina e 21 delegações de nove países sereúnem de hoje (28) a sexta-feira (30), na cidade paranaensede Francisco Beltrão para debatera necessidade de avançosnas políticas públicas e um projeto de desenvolvimentoe de renda para agricultura familiar. São esperados cerca de 3mil trabalhadores no encontro. Altemir Tortelli, coordenador da Federaçãodos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul(Fetraf-Sul) disse que o encontro se realiza a cada três anospara analisar as conjunturas nacional e internacional da agriculturae a perspectiva do futuro para os agricultores familiares.“Nesses encontros fazemos uma discussãosobre como nós nos organizamos diante essas novas realidades,como organizarmos nossos sindicatos, nossas cooperativas, comopodemos melhorar as condições de vida, de trabalho erenda da agricultura familiar para o próximo período.Então nós fazemos propostas para um plano de luta”,disse Altemir Tortelli em entrevista ao programa Revista Brasilda Rádio Nacional AM.O coordenador ressaltou que o encontro pode serdividido em quatro grandes blocos. O primeiro deles é aapresentação de um conjunto de reivindicaçõesque após votação irá se transformar emuma pauta de negociações com os governos estaduais efederal. O segundo bloco seria a discussão de uma lógicade inserção dos agricultores dentro da economia atravésda criação de cooperativas e agroindústrias.O terceiro será adiscussão sobre o futuro dos sindicatos de agricultores, que inclui a organizaçãodas próprias entidades organizações e dos núcleosde sustentação. Por fim, especialmente nesse encontro otema da educação terá grande destaque nosdebates.Segundo o coordenador da Fetraf-Sul, o futuro daagricultura familiar no Brasil, sua permanência, reproduçãoe continuidade depende muito da mudança dos rumos da educaçãono campo.“Atualmente, a educação rural éum 'motor', uma 'correia' que leva nossos jovens para a cidade e nagrande maioria para ocupar subempregos, pois não estãotendo condições de fazer ensino médio e superiore os cursos técnicos formam meros empregados para trabalhar emmultinacionais no setor de maquinários”, disse.Tortelli disse que a assistência técnicadada pelo governo federal aos pequenos agricultores tambémestará em discussão. “Queremos mudar a lógicadas tecnologias que estão sendo usados hoje em favor depráticas que conservem a natureza e a vida dos agricultores”.Ele destacou que a garantia de preçosjustos para a produção dos pequenos agricultores seráum tema debatido a fundo com o governo federal. Segundo ele, apesarde o governo federal já ter um plano de compra desses produtospara garantir a manutenção dos preços, oprograma ainda é frágil.“Queremos mais recursos, já que dos R$ 10bilhões para o crédito agrícola, menos de R$ 140milhões se destinam a esse programa”.Para Altemir Tortelli, a presença dedelegações de outros países é muitoimportante para a troca de experiências e realidades para que osetor articule ações conjuntas.