Movimento desocupa madeireira em Santa Catarina

22/03/2007 - 22h44

Isabela Vieira e Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Terminou hoje (22) a ocupação da madeireira Péterle pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no município de Anita Garibaldi (SC). Desde a manhã de ontem (21) cerca de 450 moradores dos municípios da área afetada pela construção da Usina Hidrelétrica Barra Grande estavam no local. A madeireira é vinculada ao Consórcio Baesa, responsável pela obra.  O MAB acusa a madeireira de participar de um esquema de desvio 10.785 toras de pinheiros e araucárias centenárias. A madeira, retirada da área de construção da barragem, deveria ser utilizada na construção de 400 casas populares na região, conforme um Termo de Acordo assinado pelo consórcio, informou o MAB. "Apenas 30 casas foram construídas com cerca de 400 toras cedidas pelo consórcio”, afirma Eloir Soares um dos manifestantes. Segundo ele, o restante das árvores, estocadas em diversas madeireiras, foram retiradas e vendidas pela Baesa “sem se respeitar o acordo, assinado pelo Consórcio, em 2004”, acrescentou. A manifestação terminou porque em uma reunião realizada hoje em Brasília representantes do Consórcio prometeram resolver a situação. A reunião foi realizada no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e contou com a presença do MAB. Foi marcada ainda para amanhã (23) uma audiência com o Ministério de Minas Energia. O gerente de meio ambiente do Consórcio Baesa, José Bering Nasser, adverte que o acordo assinado com a população previa apenas a construção de 66 casas das quais 62 estão prontas. “Duas casas estão com a construção em andamento e estamos iniciando a obras de outras duas. Em trinta dias concluímos isso”, destacou. Segundo o MAB, as tábuas de araucárias desviadas foram utilizadas pela Baesa no pagamento do transporte e da retirada das árvores da área da barragem. De acordo com Soares, para desviar a madeira, a Baesa misturou as toras da supressão seletiva (consideradas nobre e as quais a população tem direito) com as toras da supressão total (de menor qualidade pertencente ao consórcio) e as transportou por meio dos rios até os municípios de Vacaria (RS) e de Anita Garibaldi. Sobre o impasse Nasser alegou que o consórcio recebeu as denúncias do MAB e contratou uma auditória para avaliar a situação. “Se isso for verdade a Baesa vai tomar as medidas cabíveis”, afirmou.Os manifestantes pediam ainda o repasse de R$ 3.150 milhões para investimentos na agricultura e em projetos de geração de renda e trabalho para a população. Eles acrescentaram que o Termo de Acordo previa a destinação de seis milhões para essa finalidade, mas, em três anos foram liberados R$ 2.850 milhões. “O valor não foi repassado na totalidade porque estamos aguardando projetos bem elaborados”, defendeu o representante da Baesa. Para a construção da Usina Hidrelétrico Barra Grande o MAB informa que cerca de 1.600 famílias foram desalojadas. Cinco empresas integram o Consórcio Baesa, entre elas, Alcoa, Camargo Corrêa e Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).