Brasil ainda não domina tecnologia para energia nuclear, diz professora da USP

22/03/2007 - 21h27

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Na avaliação da professora do departamento de Física da Universidade de São Paulo(USP), Luciana Lara, apesar de a energia nuclear não emitir gases causadores do chamado efeito estufa, o Brasil ainda não tem o domínio tecnológico para o produzir esse tipo de energia.“O amadurecimento científico e tecnológico necessário  para estabelecer a energia nuclear no país ainda está engatinhando”.Especialista em Física e Química da Atmosfera, ela afirma que a energia nuclear pode ser uma alternativa para os países mais desenvolvidos, que já dominam essa tecnologia.Ela reconhece, no entanto, que o Brasil detém o domínio do enriquecimento de urânio, que é o combustível usado na energia nuclear.“Realmente é uma tecnologia mais limpa. Mas não adianta substituir, em termos de poluição, algo que não está aumentando significativamente as emissões de gases do efeito estufa no Brasil, que são os centros  produtores de energia”.Segundo ela, o combate a agentes poluentes da atmosfera deve ser direcionado a quem está emitindo  gases do efeito estufa. Ou seja, ao desmatamento, à mudança do uso do solo, ao uso de florestas para pecuária. "É isso que está contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa".Ela lembrou que as queimadas não acontecem só na Amazônia, mas também no Cerrado,no interior de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Nordeste. "Há também apecuária, que usa a queimada para renovação do pasto. Então, é preciso haver uma mudança, uma conscientização do povobrasileiro, para que isso não ocorra mais".Em relação ao desmatamento, Lara ressalta que o Brasil é um dos países que possuem mais áreas desmatadas no hemisfério Sul. Para a professora, não adianta simplesmente proibir as queimadas, porque, para que essa medida funcionasse, seria preciso implementar um sistema eficaz de vigilância.