Petroquímicos pedem "garantia pública" de que não haverá demissões no Sul após compra da Ipiranga

22/03/2007 - 20h06

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Os trabalhadores da indústria petroquímica do estado querem uma “garantia pública”de que não haverá demissões no pólo de Triunfo, após a compra do Grupo Ipiranga pelas empresas Petrobras, Braskem e Ultra. “Nós estamosatentos e mobilizados para reagir a qualquer iniciativa contrária aos interesses da categoria”, disseo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas deTriunfo, Carlos Eitor Rodrigues. Ele explicou que "só com a força da organização dos trabalhadores se pode garantir que não venham a ocorrer demissões ou, se for necessário, que o número seja pequeno". Segundo o sindicalista, ostrabalhadores acham “interessante” a Petrobras aumentar a sua participação napetroquímica “já que a estatal é a principalfornecedora de matéria-prima para o setor e os investimentos sempre vêm viaEstado brasileiro". Os trabalhadores, porém, acrescentou, estão preocupados com a concentração do setor, considerado estratégico, nas mãos de umgrupo privado – no caso, Braskem/Odebrecht, que já controla outros pólos. "Juntos, os pólos do Sudeste (SP e RJ) produzem um milhão de toneladas por anode eteno, o principal petroquímico básico, e os pólos baiano e gaúcho sãoresponsáveis pela produção de 2,5 milhões de toneladas/ano. Com isso, a Braskem ficará responsável por mais de 70% da produção dos básicos", disse Rodrigues. Sobre a preocupação com os empregos, ele explicou que o parâmetro dos trabalhadores gaúchos é a atitude tomada pela Braskem quando assumiu o Pólo de Camaçari (BA), em 2002, "quando houve cerca de 2 mil demissões e ataques aos direitos dos empregados".Os trabalhadores gaúchos já decidiram por unanimidade manter assembléia permanente e estado de greve. Rodrigues disse que eles também solicitaram audiência públicas em Brasília e no estado, para discutir a situação. O presidente da Subcomissão do Trabalho no Senado, Paulo Paim (PT), informou que a audiência está marcada para o dia 4 de abril. NaAssembléia Legislativa, o deputado Adilson Troca (PSDB)protocolou hoje (22), na Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalizaçãoe Controle, pedido de criação de uma subcomissão para acompanhar a transiçãodo Grupo Ipiranga. O pedido deverá ser analisado na próxima quinta-feira (29). Ascompradoras do Grupo Ipiranga – Braskem, Ultra e Petrobras – pagaram cerca de US$4 bilhões pelo controle da empresa gaúcha, fundada há cerca de 70 anos nomunicípio de Rio Grande. As novas controladoras – que anunciaram a intenção deinvestir mais de R$ 700 milhões para qualificar e ampliar as atividades que jávinham sendo realizadas no pólo petroquímico de Triunfo – também garantiram quenão haverá demissões nas empresas adquiridas. OPólo Petroquímico gaúcho tem nove empresas, com 2,4 mil trabalhadores diretos e3,5 mil indiretos. Com a concretização da negociação, cerca de 2 mil ficarãosubordinados à Braskem. Na refinaria em Rio Grandetrabalham mais de 250 pessoas e os impostos recolhidos representam 10% do orçamento municipal. Rodrigues tem 48 anos e trabalha há 25 na Companhia Petroquímica do Sul (Copesul),a empresa do Grupo Ipiranga que concentra a grande maioria dos empregos no Pólode Triunfo. Ele preside o sindicato desde 1999.