Governo de São Paulo confirma morte por dengue hemorrágica, mas descarta epidemia

21/03/2007 - 16h00

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou hoje (21) que uma moradora da cidade foi vítima do primeiro caso de morte por dengue hemorrágica, o tipo mais agressivo do vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. De acordo com a secretaria, a morte ocorreu no dia 1º de março. A vítima, de 26 anos, teria sido contaminada durante as férias, que passou no município de Itanhaém, litoral sul paulista. No dia 1º de fevereiro, essa pessoa foi internada em um hospital de São Paulo, com os sintomas característicos da dengue, febre alta, manchas pelo corpo e fortes dores de cabeça, nos músculos e juntas.A secretaria informou, ainda, que existem oito suspeitas de novas incidências, além de três casos de dengue hemorrágica confirmados no estado: em Hortolândia, em Mirasol e em Campinas. Apesar disso, o órgão afastou a hipótese de São Paulo estar vivendo uma epidemia de dengue.Desde 1º de janeiro até o dia 19 de março, havia 7,8 mil casos confirmados da doença entre os 41 milhões habitantes do estado. Esse número, acrescenta a secretaria, representa uma queda de 24% na comparação com igual período de 2006. Houve aumento, porém, no número de municípios com notificações da doença, que passou de 165, no ano passado, para 169 este ano. As cidades de Birigui e Araçatuba lideram as notificações, com 804 e 724 registros cada uma. O maior foco foi registrado a Noroeste do estado, próximo à divisa com o Mato Grosso do Sul.  A secretaria informa que reservou cerca de R$ 20 milhões para o combate à doença no primeiro semestre de 2007. Ao todo, 406 agentes operam essas ações, que incluem a aplicação de produtos químicos para combater criadouros e larvas e visitas a residências.Além disso, foi criado um comitê de Mobilização contra a Dengue, que envolve órgãos como o Centro de Vigilância Epidemiológica, o Instituto da Saúde e entidades empresariais.Para o dia 31 de março - considerado o “Dia D” no combate à doença - as ações serão intensificadas e haverá a distribuição de 6 milhões de panfletos com recomendações sobre como a população pode ajudar. Entre as recomendações estão: guardar pneus em lugar fechado ou furá-los para que não acumulem água; tampar caixas de água, garrafões e galões; usar sacos de lixo e manter as lixeiras bem fechadas; deixar a tampa do vaso sanitário abaixada; e jogar desinfetante ou água sanitária toda semana nos ralos.Apesar de o estado não ter verificado incidências que configurem uma epidemia, há surtos localizados. Um exemplo é município de Ubatuba, no litoral norte paulista. Até agora, há 286 casos confirmados e quase 1,8 mil suspeitas. O superintendente de Proteção à Saúde municipal, Neilton Nogueira, diz que a infestação está concentrada na região central da cidade. Para ele, as mudanças climáticas somadas à falta de conscientização têm contribuído para o crescimento da presença do vírus. Em 2006, foram 104 registros e agora 286. “As chuvas mantiveram-se intensas em janeiro, como é frequente nessa região, mas logo em seguida houve um aquecimento da temperatura e o tempo ficou mais seco, criando um ambiente viável para a proliferação do mosquito”, explicou.Entre as ações de combate, a Prefeitura de Ubatuba baixou um decreto que permite aos agentes entrarem nas casas fechadas de veranistas. Caso sejam verificados objetos ou algo que esteja favorecendo o quadro epidêmico, os proprietários serão notificados e, na falta de uma ação para corrigir a situação, estarão sujeitos ao pagamento de multas.