Agência Nacional de Águas nega que projetos substituam transposição do São Francisco

14/03/2007 - 15h58

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor-presidente da AgênciaNacional de Águas (ANA), José Machado, disse que o estudo “Atlas Nordeste –Abastecimento Urbano de Água”, divulgado em novembro, é complementar à obra de transposição do Rio SãoFrancisco, e não um programa substituto. Segundo ele, são duas iniciativasdiferentes e que nasceram em circunstâncias distintas.Os movimentos sociais contrários à transposição têm afirmado que as obraspropostas pela ANA poderiam substituir o projeto no São Francisco. Emfevereiro, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que em 2005 chegou afazer greve de fome contra a transposição, protocolou no Palácio do Planalto oque considera um "plano alternativo" ao projeto de transposição. Aproposta do bispo se centra nas obras sugeridas pela ANA.Em entrevista à Agência Brasil, José Machado disse ontem (13) à noite que as 546 obrassugeridas no atlas, entre ampliações das estruturas existentes e construção denovos sistemas de captação, adução e tratamento de água, têm objetivosdistintos dos da transposição, como argumenta também o ministro da Integração Nacional, Pedro Brito. Machado informou que os projetos previstos pela ANA visama acabar com o problema da oferta de água em 1.356 municípios em nove estadosdo Nordeste, mais o norte de Minas Gerais, região que, segundo ele, soma cercade 40 milhões de moradores.Já a transposição do São Francisco, disse ele, não está direcionada apenas ao abastecimento público. “Esse projetopensa, também, na geração de emprego e renda, garantindo oferta de água para aatividade produtiva. Já o programa da ANA são indicações de obras que precisamser feitas para garantir o abastecimento de municípios”, frisou.Ontem, no entanto, o coordenador do projeto que inclui a transposição, Rômulo deMacedo Vieira, do Ministério da Integração Nacional, disse que o único usogarantido em 100% do tempo é o abastecimento humano. “Com relação à destinaçãoda água, nós temos uma outorga da Agência Nacional de águas que determina aretirada de somente 26 metros cúbicos por segundo do São Francisco em tempointegral, exclusivamente para abastecimento humano”, afirmou. “Apenas quando abarragem de Sobradinho estiver vertendo a gente pode pegar excedente de água etransportar até 114 metros cúbicos por segundo para armazenar nos açudes daregião. Isso seria destinado a outros usos pelos estados.” O projeto da ANA prevê que, até 2025, mais de 70% dos locaisavaliados apresentarão um quadro crítico de abastecimento, daí a necessidade deinvestimentos. Os recursos para sua execução giram em torno de R$ 3,6 bilhões.O projeto de integração do Rio São Francisco a outras bacias pretendeassegurar a oferta de água a 12 milhões de pessoas que vivem no Semi-Áridonordestino, segundo o ministério. O projeto prevê a construção de dois canais – um a leste, quelevará água para Pernambuco e Paraíba; outro na direção norte, visando aoabastecimento do Ceará e do Rio Grande do Norte.