Crescimento previsto no PAC é principal ponto de discordância entre governo e setor produtivo

23/01/2007 - 23h03

Edla Lula e Lana Cristina
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Ainda existem algumas dúvidas em torno do Programa deAceleração da Economia (PAC), lançado na segunda-feira (22) pelo governo. Aprincipal delas diz respeito à projeção de crescimento do Produto Interno Bruto(PIB) – a soma das riquezas produzidas no país - já que todos os indicadoresapresentados no programa se baseiam em taxas de 4,5% em 2007 e 5% ao ano,de 2008 a 2010. Considerado “otimista demais” pelo setor produtivo, o número édefendido como certo pelo governo.“Não haverá ainda um efeito dessas medidas de estímulo deinvestimento capaz de garantir a consecução dessa meta de crescimento”, diz opresidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto,para quem o crescimento em 2007 será de 3,5%.“A partir de 2007, se o plano for bem gerido, osinvestimentos começarem a acontecer e o governo sinalizar claramente a suadisposição para retomar a agenda de reformas estruturais, aí, sim, serápossível pensar em taxas de crescimento superiores a 4%”, acrescenta MonteiroNeto.O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebate dizendo que asmedidas anunciadas vêm em um momento em que a economia espontaneamente jáapresenta sinais de crescimento superior a 2006 e se somam a um cenário jábastante positivo.O ministro lembrou que as projeções dos especialistasdivulgadas até esta semana para o crescimento da economia não levam em conta asnovas medidas. “Acho muito difícil que em 2007, pelas condições que já estãoestabelecidas, não tenhamos um crescimento substancialmente maior que em 2006”.Mantega argumenta que janeiro de 2007 já se inicia com jurosbem menores que os do ano passado. O crédito fechou 2006 em 48% do ProdutoInterno Bruto (PIB) e sua estimativa é que, com as medidas de estímulo aosempréstimos, essa relação ultrapasse os 50%. “Além, disso temos vários setoresaquecidos, como o automobilístico, que é o carro-chefe da economia, setor deconstrução civil, as vendas ao varejo cresceram 6,3%. As exportações e asimportações continuam se ampliando”, acrescentou o ministro.Segundo Mantega, a intenção do governo é que o aumento dos investimentospúblicos puxe a participação do setor privado, elevando a taxa de juros emaproximadamente 1% a cada ano. Com isso, a taxa de investimento estaria em 25%do PIB em 2010. A própria ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef,afirmou no lançamento do programa, que os R$ 503,9 bilhões previstos deinvestimentos nos três eixos (logística de transporte, energia einfra-estrutura social e urbana) são um valor coerente, estimado com base noque o setor público pode desembolsar e no ambiente favorável ao investimentoque o PAC criou.“Não estamos aumentando, não estamos inventando,estamos construindo mecanismos que uma parte é de responsabilidade da União e aoutra parte, ao criar condições para setor privado investir. Por isso, oprograma garante juros mais baixos, financiamento de longo prazo, instrumentoscreditícios e fundos de participação em investimento que são passíveis de seremrealizados, sem alteração substantiva nas condições vigentes”, observou.