Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Todos os continentes têm lavouras com plantas geneticamente modificadas. Em 22 países são cultivados, principalmente, soja, milho e algodão transgênicos, de acordo com o relatório de 2006 do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa), uma organização voltada para a difusão do conhecimento e das aplicações da biotecnologia no mundo. O documento foi divulgado hoje (18) e, segundo o diretor do Isaaa no Brasil, Anderson Galvão, os números mostram que a biotecnologia está praticamente consolidada. "Fora os que plantam, outros 29 países autorizam a importação, a distribuição e a comercialização, num total de 51 países que se beneficiam da biotecnologia", afirmou. Galvão destacou que mesmo na União Européia o crescimento da adoção da biotecnologia tem sido expressivo. “Ao contrário do que se imagina, a Europa planta e consome biotecnologia”, disse. A Espanha é o líder na Europa, com 60 mil hectares plantados. Outros cinco países da região têm lavouras com culturas geneticamente modificadas: França, Portugal, Eslováquia, República Tcheca e Alemanha. Juntos, esses cinco países, que plantam transgênicos há menos de dois anos, têm uma área plantada de 8,5 mil hectares, segundo o relatório. O milho Bt, resistente a inseto, é um dos organismos geneticamente modificados mais plantados hoje na Europa. Para os técnicos da entidade, além do milho, o algodão Bt, o algodão RR (resistente ao pesticida Round up Ready) e a soja serão responsáveis pelo crescimento projetado de área plantada nos cinco continentes: hoje são 102 milhões de hectares de lavouras transgênicas e a estimativa é de que chegue a 200 milhões de hectares em 2015. “A projeção desse crescimento se dá pela consolidação do plantio em países como Índia, Brasil, China e África do Sul, e até mesmo pela expectativa com o plantio do arroz biotecnológico. E, no âmbito mundial, o milho tem apresentado taxas expressivas de crescimento, principalmente o milho tolerante a inseto (Bt), nos Estados Unidos, na Unão Européia e na China”, explicou o diretor do Isaaa. A expectativa, acrescentou, é de que a boa recepctividade da biotecnologia na África do Sul, único país que planta transgênicos hoje no continente africano, tenha aberto o caminho para a autorização do plantio comercial de transgênicos no Quênia e no Egito. Esses países devem adotar a biotecnologia ainda este ano, de acordo com Galvão. Nas Américas, o Brasil é o líder no crescimento de área plantada e, segundo estimativa do Isaaa, em dez anos deve passar da terceira para a segunda posição em área plantada com transgênicos. Os Estados Unidos, país pioneiro na adoção da biotecnologia, têm mais da metade da área plantada com transgênicos: 54,6 milhões de hectares.