Chile deve se aproximar do Mercosul, avalia historiador

15/01/2007 - 19h41

Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Chile aponta para uma possível revisão da política neoliberal adotada desde os tempos do ditador Augusto Pinochet (1973-1989), avalia o especialista em política externa norte-americana, Luiz Alberto Moniz Bandeira. “Já estão falando em reestatização [de empresas privadas]”. Segundo ele, isso pode ocorrer em outros países também. “A tendência é reverter os processos de privatização”.Esse quadro o faz ver um fortalecimento do Mercosul, com a aproximação da Bolívia e do Equador, num primeiro momento, e possivelmente de outros países, como o Chile, posteriormente. O bloco tem atualmente cinco membros: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.O Chile, para o historiador e cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, tomou no passado um rumo contrário ao de seus vizinhos ao privilegiar as relações comerciais com os Estados Unidos em vez da integração regional. A relação entre os dois países é regida por um tratado de livre comércio (TLC), almejado também por outros países sul-americanos como Colômbia e Peru.“O Chile não melhorou em nada”, diz Moniz Bandeira, discordando da idéia amplamente difundida de que o Chile é um exemplo a ser seguido, tanto agora, sob o comando de Michelle Bachelet, quanto nos tempos de seu antecessor, Ricardo Lagos. “Há muita propaganda para vender o modelo chileno”.Segundo ele, o dólar está “cada vez mais fraco”, perdendo espaço para a moeda européia, o euro, nas transações internacionais. Por isso, avalia, quem estiver dependendo dos Estados Unidos “vai sofrer”.O historiador apresenta dados econômicos e sociais para justificar a previsão pessimista em relação ao Chile: a dívida externa mais que duplicou nos anos 90, representando hoje perto de um quarto do PIB (Produto Interno Bruto); a indústria foi desmontada; e cerca de 20% da população vive abaixo da linha de pobreza.“O interesse dos TLCs é dos EUA, para que tenham saldo positivo [na balança comercial] e compensarem o déficit com a China”, avalia Moniz Bandeira, autor de diversas obras sobre relações exteriores no continente americano, entre elas As Relações Perigosas: Brasil-Estados Unidos, lançado em 2004.