Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Rio de Janeiro sedia esta semana a Cúpula de Chefes de Estado doMercosul. E a busca brasileira por concessões que estimulem aseconomias do Uruguai e Paraguai, parceiros menores do bloco, deve serum dos temas principais do encontro. O Brasil. hoje, vende mais do quecompra, ou seja, tem superávit comercial com todos os países do bloco. No caso das economias menores do bloco, o contraste é ainda mais gritante. Em 2006, ointercâmbio comercial com esses países foi quase 20 vezes menor que as trocascom a Argentina, outro integrante do bloco. No ano passado, a corrente de comércio do Brasil com o Uruguai totalizou US$ 1,62bilhão, contra US$ 1,34 bilhão em 2005. Já o fluxo comercial com aArgentina foi de US$ 19,77 bilhões, contra US$ 16,15 bilhões no anoanterior.Em 2006, o Brasil exportou US$ 1 bilhão para o Uruguai - 86%foramprodutos manufaturados como óleo diesel, automóveis, autopeças ecelulares. As importações, porém, ficaram em apenas US$ 618,22 milhões– umsuperávit brasileiro de US$ 387,87 milhões. Os principais produtoscomprados doUruguai foram malte não torrado, garrafas plásticas, arroz, trigo,carnesdesossadas e leite em pó. Odesequilíbrio na corrente de comércio do Brasil com o Paraguai é ainda maior.Desde 1985, o país vizinho só obteve superávit uma vez, em 1989 – naquele ano,as exportações brasileiras para o Paraguai ficaram em US$ 322,9 milhões contra umvolume de importações da ordem de US$ 358,64 milhões. O desequilíbrio chegou aoápice no ano passado, quando a corrente bilateral de comércio, deapenas US$ 1,52 bilhão, teve saldo positivo de US$ 934,6 milhões para oBrasil. Em 2005, o comércio bilateral foi de US$ 1,28 bilhão. Osprodutos manufaturados representaram US$ 1,17 bilhão do US$ 1,23 bilhãoexportados pelo Brasil para o Paraguai em 2006. Lideram a pauta deexportações óleo diesel, fertilizantes, pneus e automóveis de carga. Milho emgrão lidera a lista dos produtos comprados do Paraguai (23,93% do total dasimportações). Em segundo lugar vem o trigo, com 15,07% das importações, seguidode farinhas, do óleo de soja, algodão apenas debulhado, grãos de soja, carnebovina desossada e couros.Quandoo parceiro é a Argentina, o cenário é outro. Em 2006, as exportaçõesbrasileiras para o país vizinho atingiram a cifra de US$ 11,7 bilhões – tambémprioritariamente produtos manufaturados, como automóveis, celulares eautopeças. As importações totalizaram US$ 8,05 bilhões, tendo comoprincipais produtos trigo, nafta para petroquímica e automóveis.Nocaso da Venezuela, membro em processo de adesão ao bloco, a corrente decomércio com o Brasil chegou a US$ 4,16 bilhões em 2006 contra US$ 2,47 bilhõesno ano anterior, com superávitbrasileiro de US$ 2,96 bilhões. Mais uma vez, produtos manufaturados lideram alista de produtos exportados pelo Brasil – apenas aparelhos celularesresponderam por 19,68% das vendas brasileiras para a Venezuela no ano passado.Automóveis, carne de frango e açúcar também lideram a pauta. Com relação àimportações brasileiras, 27,73% foram querosenes de aviação, 23,13% foramnaftas para petroquímica. Óleo diesel vem em terceiro no ranking, com 10,95%das compras brasileiras.Os dois temas já entraram em pauta na 31ª Reunião do Conselho doMercado Comum,realizada em dezembro, em Brasília. Essa reunião é feita entre osministros dos países e antecede todos os encontros de cúpula. Naocasião, o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil está disposto aflexibilizarregras e impostos de importação para impulsionar as economias doUruguai eParaguai. Ele também antecipou que durante a Cúpula de Chefes de Estado poderiamser aprovados projetos referentes à integração das cadeias produtivas dospaíses parceiros - outra estratégia que pode reduzir as assimetrias do bloco.