Alunos da rede pública terão acesso a livros que valorizam diversidade cultural brasileira

14/01/2007 - 17h13

Renato Aguiar
Da Voz do Brasil
Brasília - A partir de fevereiro, 14 milhões de alunosda rede pública de ensino fundamental vão ter acesso aclássicos da literatura nacional e internacional, no formato de texto,histórias em quadrinhos e imagens. Os livros fazem parte da coleção do Programa NacionalBiblioteca, da Escola do Ministério da Educação (MEC), que vai distribuir nas escolas maisde 7,5 milhões de exemplares. Segundo a coordenadora geral de Estudos e Avaliação deMateriais do MEC, Jane Cristina da Silva, a literatura permite que os estudantes ampliem o conhecimento dos alunos para outras realidades. “Por meio da literatura, podemos abrir novas possibilidades deconhecimento de várias realidades aos alunos das escolas públicas. Aquestão da diversidade cultural e da diversidade brasileira também podeestar presente nesta literatura”, disse ela.Um exemplo é o livro O Negro da Chibata, doescritor Fernando Granato, um dos que serão distribuídos gratuitamente  para mais de 46 mil escolas de todo o país. A obra conta a história de João CândidoFelisberto, o Almirante Negro, que liderou a Revolta da Chibata, em1910, no Rio de Janeiro. A revolta dos marinheiros contra os maus-tratos que recebiam daMarinha durou quatro dias.  Eles ancoraramquatro navios na Baía de Guanabara e ameaçarambombardear o Rio de Janeiro, caso não acabassem as chibatadas e oscastigos.Em um dos trecho do livro, Granato conta como 16 dos revoltosos foram encontrados em uma cela da Fortaleza da Ilha das Cobras: “A cena chocaria até mesmo o maisinsensível dos militares. Jogados num extremo da cela, estão 16 corposde marujos mortos por asfixia. Num outro canto, em estado de choque, osdois únicos sobreviventes, João Cândido e o soldado naval JoãoAvelino”. Para o escritor, a inclusão do livrona coleção do Programa Biblioteca da Escola e o contato dosestudantes com a história de João Cândido vai estimular a luta contra adesigualdade e a valorização da cultura negra. “Quando você conta a história de uma pessoaque sofreu preconceito e conseguiu liderar a sua classe de marinheiros,quase todos eles negros, que conseguiu passar por cima de umpreconceito, que naquela época era ainda maior, que chegava até as viasquase da escravidão; quando você conta essa história - umahistória bem sucedida, uma história de alguém que conseguiu selevantar -  você estimula outros movimentos parecidos; você luta contra adesigualdade; você estimula esses jovens a saberem exatamente quemsão, de onde vieram e para onde vão”, afirmou Fernando Granato.