Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um estudo do economista Antonio Prado, divulgado hoje (7) no Boletim de Desenvolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mostra que o Brasil precisa crescer em média de 5% ao ano para permitir a consolidação do mercado de trabalho no país.
Em entrevista à Agência Brasil, Prado disse que o desemprego vem diminuindo nos últimos anos, embora em ritmo ainda lento. "Mas para que haja uma queda mais acelerada, um crescimento de 5% seria essencial".
Ele citou citou a recente pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), que mostra que a taxa de desemprego está em 14,6%. “É a menor desde o início de 1997”.
Prado ponderou que a queda não é acompanhada por crescimento econômico. Segundo ele, se tivesse sido mantido o ritmo de crescimento do ano 2000, quando o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas do país) crescia acima de 4% “certamente, a taxa de desemprego hoje seria muito menor do que 14,6%”.
A expectativa do mercado obtida pelo Banco Central junto a 100 instituições financeiras e de consultoria é que, em 2007, o PIB poderá crescer entre 3,5% a 3,8%. Prado acrescentou que alguns especialistas estimam que o crescimento poderá ser superior a 4%.
Ele disse que as medidas que o governo está estudando para alavancar o desenvolvimento e chegar a um crescimento de 5% do PIB criariam um novo patamar de crescimento do PIB, superior ao registrado nos últimos 25 anos, que é de 2,5% ao ano.
“A questão é mudar de patamar. Esse é o esforço que o governo está fazendo. Se ele vai conseguir isso para o ano que vem, só vamos saber depois que o Ministério da Fazenda apresentar todas as medidas. O esforço que vem sendo feito é de estruturar um conjunto de medidas de investimento, desoneração de impostos, para viabilizar essa mudança".
O estudo do BNDES também constata que a média de geração de empregos formais subiu de forma expressiva a partir de 2003 em comparação ao período de 1994 a 2002, passando de 9.754 postos mensais de trabalho para 105.222 ao mês.
De acordo com o economista, a média de geração de empregos no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso foi negativa e no segundo mandato apresentou entre 40 mil a 50 mil postos ao mês. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, acrescentou Prado, esse número subiu para 105 mil postos mensais.
“Mesmo se você comparar o primeiro mandato do governo Lula com o segundo mandato Fernando Henrique, a taxa de crescimento de empregos formais é o dobro. Se você comparar com os oito anos do governo Fernando Henrique, fica uma diferença brutal, porque são 105 mil contra uma média de 8,5 mil por mês”.
Antonio diz que, na década de 90, foi interrompido o processo de organização do mercado de trabalho brasileiro, iniciado na década de 40. “Passamos 50 anos organizando o mercado de trabalho. Isso significa taxas de desemprego baixas, crescimento de emprego formal, de organização sindical, de direitos trabalhistas. Chega na década de 90, o que acontece? Tudo isso regride”.
Ele acrescenta que a década de 90 foi marcada pelo aumento da taxa de desemprego e pela queda expressiva dos salários reais, principalmente a partir de 1997, acompanhados pelo enfraquecimento dos sindicatos. Já a partir do ano 2000, a reconstrução do mercado de trabalho é retomada.