Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Lúcio, avalia que o reajuste do salário mínimo para R$ 420 não trará prejuízos à economia nem afetará negativamente a Previdência Social. “O aumento do mínimo tem um efeito importante na economia no sentido de aumentar a renda do trabalhador, o que ativa positivamente o mercado”, disse. “Cada real gasto significa dinheiro que está criando novos empregos e fazendo a economia crescer, o que gera impostos e melhora a capacidade do Estado em devolver em bens e serviços a arrecadação dos tributos”.Ele sustenta que os problemas no sistema previdenciário acontecem por má gestão, sonegação fiscal de empresas e pelo contingente de trabalhadores informais ou ilegais - segundo ele, cerca de 30 milhões de pessoas - que não recolhem tributos.“O que não podemos aceitar é que a situação da Previdência, seja pela inadimplência, má gestão ou exclusão dos trabalhadores como contribuintes, afete uma política de médio e longo prazo para o salário mínimo”.As declarações foram feitas ontem (6), em um seminário na Câmara dos Deputados do qual participaram representantes de sete centrais sindicais que organizaram, em Brasília, a Marcha pelo Salário Mínimo.No evento, o Dieese distribuiu dois relatórios sobre os impactos do reajuste do mínimo sobre a economia e a Previdência. Segundo a entidade, o aumento para R$ 367 vai gerar um impacto de 4,9% sobre a folha de benefícios, representando mais R$ 3,4 bilhões por ano. Se o mínimo for para R$ 375, os gastos da Previdência sofrerão variação de 7,1%, mais R$ 5,1 bilhões ao ano. Caso o mínimo chega aos R$ 420 defendido pelas centrais sindicais, a folha da Previdência teria um impacto de 20%, representando um aumento de gastos de R$ 14,4 bilhões por ano.Em outra análise, o Dieese faz uma comparação histórica do valor do mínimo em relação ao poder de compra de cestas básicas. Em 1995, um salário mínimo era suficiente para comprar 1,02 cesta básica. Em 2005, era possível comprar 1,6 cesta básica com um salário. Em 2006, na média de janeiro a outubro, o mínimo permite a aquisição de 1,91 cesta básica. Se o mínimo chegasse a R$ 420, em abril do próximo ano seria possível comprar 2,34 cestas básicas.Hoje (7), os representantes das centrais sindicais se reúnem com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, e da Previdência, Nélson Machado.