Iolando Lourenço e Spensy Pimentel
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O comunicado final da 4ª Semana Social Brasileira, aprovado pelos cerca de 230 participantes do evento promovido pelaConferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgado hoje (19), reafirma as diretrizes para a construção de "um novo Brasil". Trata-se de uma espécie de consenso em torno de um "projeto de país" proposto pelos movimentos sociais que participaram do evento.Entre as diretrizes para esse projeto estão a democracia direta, por meio de plebiscitos, referendos, iniciativas populares de leis e orçamento participativo. "A democracia participativa será a garantia de soberania nacional", afirma o documento. Outros pontos colocados como prioritários são a "recuperação das riquezas nacionais", com a valorização da biodiversidade, o trabalho digno, com o combate à escravidão, uma economia solidária e "regulada pelo Estado", a democratização dos meios de comunicação, da educação, da cultura e da saúde. As reformas agrária e urbana também estão entre as reivindicações. "Que (o país) recupere o sentido primordial da terra com sua destinação universal como patrimônio comum da humanidade", pede o documento. "(Que) faça a reforma agrária e a regularização fundiária das comunidades tradicionais e garanta a soberania alimentar."A questão da segurança alimentar, relacionada por participantes do evento a mudanças estruturais como a reforma agrária, foi tema de divergências entre os participantes do evento nos últimos dias. Ontem, o líder sem-terra João Pedro Stédile afirmou que o principal programa do governo federal para o combate à fome e a pobreza, o Bolsa Família é"assistencialista" porque não promove mudançasestruturais. O bispo dom Aldo Pagotto também fizera críticas semelhantes na sexta-feira (17).Ontem, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, participou do evento e defendeu o Bolsa Famíilia. Segundo ele, o programa garante, em primeiro lugar, o direito humano à alimentação. Hoje, o coordenador da Semana Social, domDemétrio Valentine, elogiou o programa. “A grande maioria dosparticipantes da semana e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil apreciammuito o valor estratégico do Bolsa Família, sua validade no contexto em que nósestamos vivendo, correspondendo a um direito que o povo tem", disse ele. "É dever do estado atender a esse direito que nós valorizamos econsideramos como uma iniciativa que nunca o estado brasileiro teve a atençãoque está tendo para com os mais pobres”, completou dom Demétrio. O documento aprovado pelos participantesda 4ª Semana Social Brasileira será encaminhado a entidades da Igreja Católica, movimentos sociaise autoridades de todo o país.