Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O movimento negro de São Paulo espera realizar amanhã (20), Dia da Consciência Negra, o maior ato anti-racista da história paulista. As duas principais manifestações na cidade de São Paulo - a Parada Negra e a Marcha da Consciência Negra - devem reunir aproximadamente 10 mil pessoas, segundo Dojival Vieira, presidente da entidade ABC Sem Racismo e um dos organizadores dos eventos.A Parada Negra está prevista para começar ao meio-dia no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, região central da cidade. A parada será marcada pela realização de um ato inter-religioso. Já está confirmada a presença de representantes de diversas religiões de origem africana, da comunidade judaica, evangélica e católica.A Marcha da Consciência Negra partirá logo após o encerramento do ato religioso, às 15 horas, e percorrerá a cidade até a Assembléia Legislativa, no bairro do Ibirapuera, onde lideranças das entidades que participam da data farão discursos.“São Paulo é a maior cidade negra do mundo fora da África. Será um dia para celebrar a história do povo negro e também para a sociedade refletir sobre essa situação que temos no Brasil: situação de apartheid racial explícito, que aparece em todos os indicadores”, diz Vieira.Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa indicando que pretos e pardos ganham aproximadamente metade do salário de brancos. Segundo um estudo do Departamento Intersindical de Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), também publicado na semana passada, os negros correspondem a 55,3% dos desempregados em seis regiões metropolitanas brasileiras, apesar de representarem apenas 46,6% da população economicamente ativa (PEA) dessas regiões.“Não podemos, em pleno século 21, continuar achando que essa realidade é natural. Essa realidade não é natural. O Brasil precisa abrir os olhos para isso, a sociedade precisa enfrentar esse problema. A desigualdade social brasileira tem no componente racial um dos seus elementos estruturantes”, observa Vieira.