Representante da indústria óptica defende maior fiscalização contra pirataria

16/10/2006 - 22h20

Monique Maia
da Agência Brasil
Brasília - A concorrência dos produtos piratas já levou ao fechamento de 102 empresas de produção e comercialização de óculos. A informação foi levada hoje (16) ao Conselho Nacional de Combate à Pirataria, ligado ao Ministério da Justiça, por representantes de associações e sindicatos da indústria óptica, como uma das dificuldades que o setor vem enfrentando. De acordo com Bento Alcoforado, da Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos, "o preço dos óculos no Brasil é considerado um dos mais caros do mundo – em média, 50% mais alto". Ele explicou que isso ocorre seja pelo custo da internacionalização, seja pelos impostos internos. "É um incentivo ao contrabando e à pirataria", acrescentou. A saída, segundo Alcoforado, seria a maior fiscalização nas fronteiras e nos portos. Mas para o secretário-executivo do Ministério da Justiça e presidente do Conselho, Luiz Paulo Barreto, existem outras estratégias de combate: "O Conselho possui três linhas de ação: a de repressão, que envolve a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Receita Federal; a de educação, que envolve a conscientização do consumidor sobre os malefícios da pirataria; e a econômica, onde busca com as indústrias formas de reduzir a diferença de preço entre o produto original e o pirata”. Em 2005, a CPI da Pirataria revelou que 47% dos óculos de sol e de grau no Brasil são ilegais. Segundo Barreto, esse número assusta as empresas internacionais, que acabam deixando de investir no Brasil. E com isso, cerca de 2 milhões de empregos deixam de ser criados por ano no país. Além dos prejuízos econômicos, os produtos piratas podem também trazer problemas de saúde à população, disse. “Os óculos são vendidos sem nenhum controle técnico. E sem o sistema de proteção ultra-violeta, esse produtos causam prejuízos à retina, permitindo a entrada de raios nocivos", explicou Barreto. Em todo o mundo, de acordo com a Interpol, a pirataria movimento cerca de US$ 522 bilhões por ano, quantia superior à gerada pelo narcotráfico, que fica em torno dos US$ 360 milhões anuais.