Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Os produtores gaúchos de soja querem “comprar as sementes transgênicas certificadas e pagar com a colheita do produto”. A proposta, das federações dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) e das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro) foi encaminhada hoje (14) aos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. Segundo o presidente da Fetag, Ezídio Pinheiro, a expectativa é de que a autorização saia ainda amanhã (15). Ele informou que o programa Troca-Troca, criado pelo decreto presidencial 5.891 e que prevê a substituição de variedades próprias por sementes certificadas, incentivou os produtores do estado. “A ampliação da proposta de implementação do programa deverá facilitar ainda mais essa mudança”, acrescentou. A proposta foi definida durante encontro de representantes de 42 cooperativas e 30 sindicatos de trabalhadores rurais, em Cruz Alta, na região central do estado. Pinheiro explicou que a simples troca do produto guardado para semente pelos produtores, por grãos certificados, envolveria "gastos, burocracia e tempo”. Segundo ele, existem pouco mais de 40 pontos de troca no estado e o plantio começará no dia 10 de outubro.A medida, que será implementada junto com a prorrogação da autorização do plantio de sementes transgênicas armazenadas para a safra 2006/2007, agradou aos produtores. Segundo a Fetag, no estado só existe metade do total de sementes certificadas necessário para a safra. O governo federal destinará até R$ 60 milhões para a compra, na indústria, de sementes de soja certificadas a serem distribuídas aos agricultores gaúchos em substituição ao produto transgênico próprio. Para o presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto, a melhor forma de as sementes chegarem ao agricultor é por meio da rede de cooperativas. “O pagamento seria feito após a colheita, em grão ou dinheiro, método semelhante ao do Programa Troca-Troca de milho, operado pelo governo gaúcho”, explicou. Segundo o dirigente, a troca ocorreria “mediante aquisição das sementes certificadas pela Conab, tendo como referência valores base para cada cultivar incluída no sistema”. Conforme o delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Nilton Pinho De Bem, a autorização da medida, que deverá ocorrer por meio de resolução do Conselho Monetário Nacional, já foi encaminhada pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda.