Aloisio Milani e Vitor Abdala
Repórteres da Agência Brasil
Rio – As relações entre a Petrobras e a Bolívia antecedem os governos de Lula e Evo Morales. A estatal petrolífera brasileira atua em território boliviano desde 1996. Até 2004, o Brasil investiu quase US$ 1 bilhão naquele país, dos quais apenas US$ 68 milhões foram investidos no governo Lula, segundo a Petrobras.
Um dos marcos desse processo de negociação para fornecimento de gás foi a assinatura, em 1991, entre a Petrobras e Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) com participação do Ministério de Energia e Hidrocarbonetos da Bolívia. Neste documento, ficou registrada a decisão de chegar a um acordo para compra e venda de gás natural boliviano em níveis crescentes.
A partir de 1996, foi investido a maior parte dos recursos. Boa parte deles na construção entre 1997 e 2000 do gasoduto Bolívia-Brasil. Até a publicação da medida do presidente boliviano, a Petrobras chegou ao ápice desse processo ao operar 46% das reservas de gás natural e produzir toda a gasolina e óleo diesel consumido pelos bolivianos. A empresa era responsável por 20% dos investimentos diretos no país e por 18% do Produto Interno Bruto (PIB) boliviano.
Após cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o país cometeu um erro ao importar mais da metade do gás consumido no país de um único país. "Foi um erro estratégico o Brasil ficar dependente de uma única fonte de energia que não é nossa", afirmou. Agora, os representantes dos dois países devem negociar o futuro das operações em território boliviano e da comercialização do gás com o Brasil.