Garantir direito à saúde de índios "desagregados" é desafio, aponta liderança

26/03/2006 - 16h34

Janaina Rocha
Enviada especial

Rio Quente (GO) - Os Pankararu são uma etnia indígena que fica em Pernambuco. Mas, como informa Carmem Pankararu, liderança local eleita como presidente do Fórum dos Presidentes dos Conselhos de Distritais de Saúde Indígena, há gente de seu povo em São Paulo, Minas Gerais, Paraíba e em várias cidades de Pernambuco. No território original dos Pankararu vivem cerca de 7 mil pessoas numa área de 14 mil hectares.

"Só em São Paulo são mais de 1400 índios. Como a gente faz para garantir o direito à saúde deles? Direito à saúde é dever do Estado, essa contradição fica clara nessa hora", argumenta Carmem.

Além da avaliação do atual sistema de saúde, dividido em 34 distritos sanitários e de responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a 4ª Conferência Nacional de Saúde Indígena deve também debater a situação do indígena que está fora de seu território e não recebe tratamento específico. "A equipe de saúde trabalha numa área que abrange a aldeia. Fora disso o programa não chega", informa Carmem.

A situação do índio "desagregado" se remete a outro problema principal dos povos indígenas: a terra. "É delicado pensar em saúde dissociando da terra. Para o índio a terra é tudo, é saúde, moradia, sobrevivência, educação. Todos os que perdem seus territórios vivem uma história de desagregação familiar e cultural", argumenta Carmem. "É então um desafio dessa conferência discutir a situação dos índios que estão fora do território, porque a verdade é que muitos povos não têm a garantia de seus territórios."