Funai e Funasa devem atuar em conjunto, defende Mércio Gomes

15/02/2006 - 19h03

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, defendeu hoje a necessidade de uma atuação conjunta da Funai e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, ele informou que ainda neste mês os técnicos da Funai se reunirão com o presidente da Funasa.

"A contribuição do indigenismo que a Funai tem, que bem ou mal é o que Brasil produziu nos últimos 95 anos, deve ser incorporada ao sentimento do trabalho médico fundamental, que também foi acumulado nos últimos anos pela Funasa. Queremos discutir uma pauta que permita que os esforços ganhem força, um em relação ao outro", disse.

Mércio Gomes destacou que o crescimento demográfico dos povos indígenas vem acontecendo graças à melhoria de saúde, embora "essa melhoria ainda não alcance todos os pontos e por isso ainda existe sofrimento".

Nesta semana, lideranças das etnias Krikati, Gavião, Awa-guajá e Guajajara, no Maranhão, apresentaram uma série de reivindicações à Funasa, que anunciou ontem (14) a liberação de R$ 52 milhões, neste mês, para ações de 21 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. De acordo com o presidente da fundação, Paulo Lustosa, com esses recursos será possível capacitar equipes para fazer um levantamento sobre doenças como a malária, a tuberculose e a dengue; comprar medicamentos; intensificar a prevenção do câncer, entre outros.

O presidente da Funai defendeu uma revisão no decreto presidencial que concedeu à Funasa o controle da saúde dos índios. "Não queremos tirar a saúde indígena da Funasa, o que nós queremos é refazer o decreto e que as ações da daqui para a frente sejam elaboradas juntas desde o planejamento", explicou.

Segundo Mércio Gomes, o Brasil precisa se preparar para o crescimento da população indígena: "Em 30 anos, serão quase 1,5 milhão de indivíduos, o triplo do que temos hoje. É preciso que nós estejamos preparados para um desenvolvimento econômico e social dos índios. Vamos ter que garantir a eles o direito de posse de suas terras e o direito de se desenvolver. Para isso, é preciso ter uma Funai capacitada e com a participação dos índios. O ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos] e vários ministérios já estão empenhados na realização do concursos públicos para os índios. Serão 461 funcionários."