Redução de juros sinaliza para crescimento em 2006, avalia associação do mercado financeiro

29/12/2005 - 8h25

Rio, 29/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - A diminuição da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central este mês para 18% ao ano sinaliza a retomada do crescimento em 2006, na avaliação do presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Moraes. A taxa serve de parâmetro para os financiamentos diários com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Por isso, também é chamada de taxa Selic.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o executivo analisou que o cenário para o próximo ano, em termos de crescimento, "é bem melhor" do que o observado em 2005. A entidade prevê que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no país, deverá ficar em torno de 3,7% no próximo ano.

"Todo mundo está mais otimista para 2006", afirmou Moraes. "O ano de 2005 foi de acomodação, após o exercício anterior, quando o Brasil experimentou um crescimento recorde, e acho que 2006 é um novo ano de crescimento. É um ano eleitoral que, por si, já provoca algum tipo de aumento de atividade, e a gente está otimista".

Na avaliação do presidente da Andima, "não há nenhum desequilíbrio econômico mais significativo, e existem condições para a gente ter esse crescimento sem muita pressão inflacionária, o que vai ser bom para pavimentar o caminho para o crescimento sustentado".

A expansão do nível de poupança financeira foi um ponto positivo observado no mercado em 2005, salientou Alfredo Moraes. Ele citou, em particular, a área de debêntures, onde foi alcançado o recorde até outubro de R$ 77,5 bilhões em estoque de títulos registrados: "Isso mostra que houve um avanço muito grande". Debêntures são títulos emitidos pelas empresas com prazo e remuneração certos, que têm como garantia os ativos das próprias companhias. As empresas emitem debêntures para se financiarem. Por meio dessa emissão, é como se a empresa obtivesse um empréstimo a longo prazo em troca dos títulos.

Em números de hoje, a Andima contabiliza um estoque de R$ 84,9 bilhões em títulos registrados no Sistema Nacional de Debêntures (SND). Para 2006, a projeção da Andima é que o estoque de debêntures registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve atingir R$ 100 bilhões.

Alfredo Moraes citou, ainda, a criação das chamadas contas-investimento como fator favorável em 2005 à expansão do número de investidores no mercado de capitais, no processo de popularização do mercado. Elas facilitaram que os poupadores administrassem seus recursos, em vez de delegar para alguém essa tarefa.