Após fiscalização em Urso Branco, polícia descobre túnel escavado dentro de penitenciária

29/12/2005 - 14h16

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Polícia Militar descobriu na Casa de Detenção Dr. José Mário Alves da Silva, conhecida como Urso Branco, em Porto Velho (RO), um túnel que estava sendo cavado na cadeia. O túnel foi descoberto durante fiscalização feita após rebelião de presos que começou do domingo (25) e terminou ontem (29).

No dia de Natal, os presos se rebelaram e fizeram como reféns cerca de 200 familiares que visitavam os detentos. Eles apresentaram uma série de reivindicações. Entre elas está a volta a Urso Branco do detento Edinildo de Souza, o Birrinha, transferido na quinta-feira passada para um presídio a 200 quilômetros da capital.

"Se o Birrinha não voltasse eles iriam manter os reféns e já com promessas como fizeram nas três rebeliões anteriores de matarem algum companheiro. As autoridades de Rondônia entenderam que eles não estavam blefando e que seria o caso de atender a reivindicação", disse o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça, Maurício Kuehne, foi a Rondônia acompanhar as negociações.

A última rebelião no presídio ocorreu em 16 de abril de 2004 e durou seis dias. No período, os detentos destruíram parte do presídio e mataram 14 companheiros – alguns foram mutilados a céu aberto.

Segundo o diretor, a situação penitenciária no estado é grave. "O que a gente percebe lá é que a administração penitenciária está refém dos presos, devido a essa superlotação porque não há como se administrar um presídio com esse número de presos e, ainda mais porque nenhum deles desempenha qualquer atividade de trabalho", afirmou.

Já o diretor-executivo da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária de Rondônia, Juarez Barreto Macedo Junior, disse que a situação está sob controle. "Com o retorno do Birrinha nós queremos crer que o sistema volta a sua normalidade, a sua paz", disse.

Para ele, o estado não abriu precedentes ao atender a reivindicação dos presos. "Não vejo assim que o estado se curvou aos apenados. Quem manda ainda é o estado, que detém o poder sob o sistema prisional de Rondônia", ressaltou. Ele considerou a negociação um momento difícil porque acabou dando a Birrinha um status que ele não tem. "Ele mesmo admitiu que não exerce essa liderança."