Adriana Franzin
Da Agência Brasil
Brasília – Apenas 37 hospitais públicos em todo o país realizam o aborto nos dois casos permitidos por lei: gravidez resultante de estupro e gravidez que coloque em risco a vida da gestante. Os números são do dossiê elaborado pela organização não-governamental Católicas pelo Direito de Decidir. Segundo a organização, mesmo com a garantia da lei, não há atendimento público efetivo.
A falta de assistência colabora com a clandestinidade, na opinião de Rosângela Talib, coordenadora do dossiê Aborto Legal nos Hospitais Públicos. "É um risco desnecessário levar a mulher a provocar um aborto de forma não adequada". Ela lembrou ainda que nos estados do Amapá, Mato Grosso do Sul, Piauí, Roraima e Tocantins, o serviço nem foi estruturado.
"Nosso objetivo maior era dar uma contribuição ao movimento social das mulheres e ao ministério da Saúde, para mapear e melhorar o atendimento", afirmou. Segundo Rosângela Talib, a falta de informação e de acesso ao serviço são os principais entraves à implementação do projeto.
Uma das integrantes da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, Dulce Chavier disse que o baixo desempenho dos atendimentos ocorre por questões ideológicas: "Há uma dificuldade concreta na sociedade em aceitar essa questão como um direito das pessoas". Ela sustentou também que os médicos que realizam esses procedimentos temem a repercussão na sociedade e são discriminados no ambiente de trabalho.