Pais e mães de santo debatem formas de acabar com "demonização" da cultura africana

28/10/2005 - 19h18

Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil

Brasília – A capital baiana recebeu hoje (28) cerca de 150 pessoas, vindas de 45 comunidades de terreiro de diferentes lugares do Nordeste. No encontro, os pais e mães de santo discutiram novas políticas para os fiéis de candomblé e umbanda. "Vamis ressignificar o olhar do Brasil para essas comunidades de terreiro, conhecidas historicamente pela demonização de práticas milenares da cultura africana", afirmou Carlos Alberto Santos de Paulo, diretor do Programa das Comunidades Tradicionais da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

A secretaria é responsável pelo encontro I Seminário de Políticas Públicas para as Comunidades de Terreiros. O seminário é realizado para garantir a discussão de diretrizes para implantação de um plano nacional de promoção para a igualdade racial. "Nesse sentido, realizamos algumas consultas com estas comunidades para estabelecimento de ações prioritárias", diz.

Entre as 61 proposições recebidas até agora, estão o desenvolvimento de políticas que garantam a sustentabilidade das comunidades e das casas de terreiro. Também pedem a defesa dos direitos humanos, a promoção da saúde e da educação, o acesso à previdência social e ao sistema de comunicação, além da preservação do patrimônio cultural.

De acordo com o membro da comunidade religiosa Agbagigan, do Terreiro de Gogum, Everaldo Duarte, a implantação de políticas específicas para membros de terreiros é uma boa iniciativa do governo. "Já se fazia necessário que essas iniciativas fossem tomadas porque nós pertencemos a uma religião que vem sendo perseguida há muitos anos. Agora vamos ter uma providência governamental que respalde nosso direito de professar a religião", contou.

Everaldo disse ainda acreditar que o governo assumirá a questão religiosa e fará cumprir o que determina a lei. "Não somos mais professores de uma religião aleatória e teremos um respaldo que deveria ter sido dado desde o começo de nossa existência". Uma segunda reunião sobre o tema será realizada na próxima segunda-feira (01) em Belo Horizonte, com comunidades de terreiro locais.