Editor francês acredita que criação da Telesur pode ser saída para atual crise da mídia

24/07/2005 - 17h45

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A criação de uma emissora como a Telesur pode ser uma saída para a crise da mídia. A afirmação foi feita hoje (24) pelo editor do jornal francês Le Monde Diplomatique, Ignácio Ramonet, durante a transmissão de lançamento da multiestatal.

"A Telesur é importante porque atualmente os meios de comunicação estão em crise. Não pela ausência de opção. Há vários meios, mas um único discurso", disse. Ramonet é um dos integrantes do Conselho Assessor da Telesur, formado por jornalistas, intelectuais e estudiosos do mundo contemporâneo.

De acordo com o editor francês, a nova emissora deve refletir se seus objetivos se adaptarão à necessidade dos telespectadores. "Os meios não conseguem mudar a mente dos homens tão facilmente", disse. Ele acrescentou que não é o fato de a nova emissora ter uma perspectiva diferente que fará mudar a mente das pessoas. "O canal terá que se adaptar às necessidades técnicas, à criação e produção de informações interessantes e de qualidade".

Ramonet ressaltou que um dos maiores desafios da mídia é a busca pela qualidade. "Uma das principais carências do mundo midiático atual é a qualidade. Se a Telesur quiser vencer a batalha pela soberania comunicacional terá que lutar por ela".

O conselheiro norte-americano Richard Stallman, um dos criadores do software livre, ressaltou que se a emissora quiser se tornar uma realidade são necessárias pelo menos duas coisas: apresentar outras idéias e fazer com que elas sejam ouvidas. "A Telesur não pode ser assistida apenas por intelectuais", afirmou.

Segundo Stallman, os Estados Unidos querem enviar sinais de rádio para neutralizar o sinal de satélite da Telesur. Caso isso aconteça, ele sugeriu que "em resposta, a Telesur deve enviar transmissões de rádio em inglês para dizer aos cidadãos dos EUA as idéias que eles não ouvem nos canais Fox e CNN".

Para o ator norte-americano Danny Glover, a Telesur tem uma grande possibilidade de integrar os povos da América Latina e as diferentes realidades, para enfrentar o que chamou de o ‘gigante do norte’. Ele criticou a ausência de mais mulheres e de representantes negros no conselho da nova emissora.

Também participam do Conselho Assessor da Telesur os argentinos Adolfo Pérez Esquivel (Premio Nobel da Paz), Fernando Pino Solanas, Atilio Borón, Tristán Bauer; os cubanos Silvio Rodríguez e Julio García; os norte- americanos Harry Belafonte, James Early e Saul Iandau. O uruguaio Eduardo Galeano; o nicaragüense Ernesto Cardenal; o boliviano Jorge Sanjinés; os brasileiros Walter Salles, Fernando Morais e Orlando Sena; os mexicanos Pablo González Casanova, María Rojo e Carmen Lira; o paquistanês Tariq Ali; o belga Michel Collon; os colombianos Alfredo Molano e Ramiro Osório; o peruano Javier Corcuera; o venezuelano Luis Britto García; o dominicano Chiquie Vicioso; o italino Gianni Miná e o chileno Manuel Cabieses.