Ex-funcionário dos Correios diz que CPI deveria investigar quem autoriza licitações

21/06/2005 - 21h51

Brasília, 21/6/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ex-chefe de departamento dos Correios, Maurício Marinho, disse aos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que as denúncias de corrupção na estatal deveriam ser investigadas entre as pessoas que autorizam os processos de licitação e as que controlam as áreas que movimentam mais recursos, como as diretorias de operações e de tecnologia.

Depois de negar ser "bandido em qualquer grau" e de alegar que as gravações divulgadas "são criminosas e sem validade jurídica", Marinho disse não acreditar que o empresário Arthur Washek seja o único mandante dessas gravações, antecedidas por quatro outras conversas com duas pessoas que se apresentaram como empresários. As conversas, acrescentou, diziam respeito a outras áreas que não aquela onde atua. "O departamento de Contratação não tem direito sequer de homologar processo licitatório", afirmou.

Sobre as "cotas políticas" de distribuição dos titulares das diretorias da estatal, o ex-chefe de departamento informou que as de operações e tecnologia caberiam ao PT; as de recursos humanos, comercial e financeira, ao PMDB; e a de administração, ao PTB.

Marinho desmentiu o que havia dito na gravação, sobre fazer parte de um esquema de corrupção comandado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ): "Nunca liguei para o deputado e ele nunca ligou para mim". E como no seu depoimento à Polícia Federal, disse ter "falado demais".

O ex-chefe de departamento pediu ainda que a CPMI determine o rastreamento dos telefones que utilizou desde junho de 2004, quando assumiu a chefia do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios. Quanto aos R$ 3 mil que recebeu das mãos dos responsáveis pela gravação, Marinho disse que "jamais pediu dinheiro" e que "foi uma falha, um ato impensado".