Projetos devem nortear alianças no Congresso, diz Genoino

18/06/2005 - 19h33

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O PT deve recomendar que o governo federal opte por uma base de apoio no Congresso Nacional mais fluida. Quem informa é o presidente do partido, José Genoino, que desceu para falar à imprensa num intervalo das discussões da reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), no final da tarde de hoje (18). "A agenda é que deve definir a base parlamentar", definiu Genoino.

"De acordo com o tamanho da base parlamentar, o PT acha fundamental que ela se constitua de acordo com uma agenda", disse Genoino. O dirigente citou, entre os projetos e assuntos que poderiam nortear essas composições, a reforma tributária, a regulação das agências e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Sobre reforma política, disse que "envolve inclusive aliança pontual com as oposições."

José Genoino garantiu que o PT é "a base central" de sustentação do governo – ressaltando, porém, que "o governo é mais amplo que o PT" – e que o partido "vai contribuir para se consolidar uma base no mínimo de maioria absoluta (no Congresso)." Com relação às alianças partidárias, José Genoino reconheceu que "são polêmicas". Mas, segundo o presidente do PT, existe um "sentimento generalizado de que elas são necessárias para garantir a governabilidade democrática." Ainda de acordo com ele, problemas com um membro ou um partido em particular "não comprometem" a política de alianças.

"Essa é uma visão", comentou o deputado Chico Alencar (RJ), sobre a opção por um arco amplo de alianças. Ele afirma que "governar com minoria é viável" e defende "uma base menor, mais homogênea e programática, com mais ‘cimento ideológico’".

Perguntado se o momento político após a repercussão das denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson, poderia afetar a economia do país, José Genoino respondeu: "O problema é político, e ele se dá no âmbito do Congresso Nacional." Genoino pertence ao chamado Campo Majoritário, que reúne cerca de 60% dos 83 integrantes do diretório nacional.

As tendências chamadas de esquerda do PT, que representam em torno de 40% do diretório, defendem teses diferentes dessa. O professor Plínio de Arruda Sampaio, um dos sete candidatos que disputam a presidência do partido no processo direto deste ano, afirma que o problema é econômico. Segundo ele, "a crise econômica fez com que o governo Lula tivesse de buscar no Congresso uma base de apoio tão ampla que alcançou partidos que ‘não tem nada a ver’ com o PT."

O presidente José Genoino informou que a discussão a respeito do possível afastamento do tesoureiro Delúbio Soares e do secretário-geral, Silvio Pereira, do partido, está sendo feita. Até o momento, segundo ele, as intervenções se davam no sentido de avaliar se a decisão de sair ou permanecer deveria ser uma opção individual ou uma deliberação coletiva.