Parlamentares das Américas condenam a Alca e sugerem alternativas

21/05/2005 - 17h39

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Fórum Interparlamentar das Américas (FIPA) condenou hoje o processo de formação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) e sugeriu como alternativas ao bloco econômico a Comunidade Sulamericana de Nações e a Alternativa Bolivariana das Américas (ALBA). A decisão está no texto final da 4ª Plenária do grupo, ocorrida em Brasília neste sábado.

O Fórum Interparlamentar das Américas, constituído em março de 2001 durante reunião no Parlamento do Canadá, em Ottawa, é composto por parlamentares dos 35 estados das Américas. No encontro em Brasília, iniciado na última quarta-feira, participaram cerca de 100 parlamentares de 20 países.

"Nós os parlamentares da América recomendamos que nossos governos reestruturem a ALCA e qualquer outro acordo de comércio de forma que assegure a implementação de políticas que apóiem a qualidade de emprego, o desenvolvimento econômico e programas sociais". E acrescenta: "Reconhecemos a existência de outros espaços de negociação no hemisfério tais como a Alternativa Bolivariana das Américas (ALBA) e a Comunidade Sulamericana de Nações".

O grupo de trabalho responsável pela realização dos debates sobre a ALCA apresentou um texto ainda mais crítico em relação ao bloco. "O Grupo de Trabalho sobre ALCA, após um debate, manifestou sua posição crítica sobre a ALCA como está sendo negociado já que afeta a soberania, não resolve os problemas sociais, beneficia somente aos grandes empresários e teme que afete desfavoravelmente o setor agrícola", diz o documento.

O texto escrito inicialmente omitia as reclamações sobre a ALCA por recomendação da presidente honorária do Fipa, a senadora canadense Céline Hervieux-Payette. No entanto, a maioria dos parlamentares presentes, encabeçados pela bancada venezuelana, criticou a omissão e o texto foi reescrito.

O deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), que presidiu a assembléia, reconheceu o tom crítico à ALCA do texto final, mas ressaltou que a medida foi equilibrada. "Os parlamentares da América têm um tom crítico com a questão da ALCA, que não é diferente dos nossos governantes do Poder Executivo. Nós apresentamos nossas preocupações que temos quanto a negociação, as suas conseqüências. Mas [o documento] está muito bem ponderado", afirmou

Segundo o parlamentar venezuelano, Simon Escalona, a adoção da Área de Livre Comércio das Américas não seria "saudável" ao povo latino já que a formação do bloco econômico estaria a serviço de uma política neoliberal e "globalizadora".

"A ALCA está concebida e estruturada para o fortalecimento da política neoliberal e globalizadora que sustenta o império. E nesse sentido, rechaçamos categoricamente o processo da ALCA. E por isso estamos sugerindo uma nova proposta, uma proposta alternativa em função do desenvolvimento econômico de nossos países, como é o caso da ALBA", afirmou.