Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A tranqüilidade que marcou a votação do processo de cassação do deputado André Luiz (sem partido-RJ) foi interrompida no final da sessão no plenário da Câmara por uma ameaça feita ao deputado Chico Alencar (PT-RJ). Um dos advogados do parlamentar cassado, César Pimentel Coithé, disse a Alencar que ele seria o próximo, em referência a uma possível perda de mandato do deputado fluminense. "Parabéns, você é o próximo", afirmou o advogado pessoal de André Luiz, segundo relato de Chico Alencar.
O deputado disse ter solicitado ao advogado que comprovasse a ameaça. "Eu pedi que ele apresente denúncias contra mim para eu sofrer um processo de cassação, já que ele disse que eu seria o próximo. Eu não posso admitir que um ser humano, ainda mais dentro da Casa de leis, fale que eu vou ser o próximo no sentido de extinguir a minha vida. Não há execução sumária nem pena de morte no país, então temos que apurar as responsabilidades", afirmou Alencar.
Vários deputados demonstraram solidariedade a Chico Alencar, antes do término da sessão no plenário. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), determinou ao corregedor da Casa que investigue a ameaça. E o deputado Robson Tuma (PFL-SP) chegou a pedir a prisão do advogado, sob o argumento de que ele ameaçou um parlamentar dentro da Casa Legislativa.
César Pimentel Coithé foi retido pela segurança da Câmara logo após o episódio e permaneceu trancado em uma sala anexa ao plenário, até ser ouvido por integrantes do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara. Por mais de uma hora, o advogado negou ter ameaçado Chico Alencar, que também apresentou à polícia legislativa a sua versão sobre o caso. "Ele disse que não foi ele que falou. Acredito que o processo deve seguir para a Polícia Federal, e o advogado pagará fiança e será liberado", afirmou o parlamentar.
O advogado oficial do deputado André Luiz, Michel Saliba, negou que César Pimentel Coithé integre sua equipe de trabalho. Segundo Saliba, em nenhum momento ele participou da defesa do parlamentar na Câmara. "Ele é um advogado particular do deputado André Luiz. Essa defesa dentro do processo de cassação, desde o momento da sindicância até o Conselho de Ética, foi feita pelo meu escritório. O próprio presidente do Conselho de Ética pode confirmar isso", garantiu.